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SenegalA moda entre a paixão antiga
e os cortes modernos 
Texto e Fotos: Flora Pereira da Silva
Arte: Natan Aquino

 

Conhecido na África como país da elegância, o Senegal está deixando o seu traço na história da moda. A beleza e refinamento das roupas desfiladas pelas ruas podem ser considerados um destaque da cultura nacional. As mulheres combinando vestidos e acessórios são atenciosas na escolha do look tanto dentro como fora de casa, e os homens não deixam para menos, transitando pela cidade com seus elegantes boubous, vestimenta local correspondente ao terno. Mas no país, o conceito de vestimenta está expandindo e é ambivalente: se a moda tradicional deixou sua marca e ainda chama atenção pelas ruas com suas longas saias e vestidos e com os ternos locais, a moda contemporânea inventada pelos jovens começa a se instalar com força e ganhar cada vez mais público.

 

 

Apesar das diferenças conceituais, a conversa entre as duas gerações é, na verdade, harmônica. Ambas escolheram a África como inspiração, ambas são enraizadas e ambas utilizam e aproveitam dois recursos comuns, de vasta presença no país: os tecidos e as casas de costuras. Diferentemente de outros países, a estrutura principal do mercado da moda não são as lojas de roupas. No Senegal, a maioria, independente da geração, prefere escolher o próprio pano, decidir o estilo e mandar fazer tudo a medida. E por isso, tantos as vendinhas de tecido quanto as boutiques de costura são parte essencial da economia no ramo, sendo abundantemente utilizadas pela população local.

 

 

Andar pelas cidades do Senegal significa deparar-se a cada esquina com uma venda de tecidos e no espaço do lado (ou no mesmo) uma humilde butique de costura. São lugares discretos, normalmente não conhecidos por turistas ou por aqueles de rápida passagem. Mas basta olhar com mais cuidado para uma pequena porta, para uma ruela que sai da rua principal ou para o segundo andar de uma casa, para perceber que as butiques de costuras estão espalhadas por todo o país. Na hora de escolher o tecido, o que não falta são opções. Wax, Batique, Bazin, detalhado, liso, estampado, com traços retos, com traços uniformes etc. Com a importância que o colorido tem na África, talvez a única prancha ligeiramente difícil de achar seja a preta básica.

 

 

Aliás, além do ciclo de produção que continua sobre as mesmas bases, a cor é outro ponto de coincidência entre a nova e a velha geração da moda. Tantos as roupas tradicionais como as modernas destacam as estampas multicoloridas, misturam padrões diferentes e abusam das combinações. No entanto, como explica a estilista Rama Diaw, artista que já teve suas coleções exibidas ao redor do globo, a moda atual trabalha com cortes diferentes, mais ousados. Suas peças, por exemplo, ela chama de estilo ‘delivery’, que pode ser usado a qualquer momento. “Eu procuro, acima de tudo, utilidade, penso minha costura de modo que uma única peça possa ser utilizada no escritório, na cidade, em casa e ou em festas”, pontua a estilista, que utiliza panos tradicionais e produtos exclusivamente africanos para a confecção da linha.

 

 

Rama conta que começou a criar seus modelos quando tinha 14 anos, época em que passou a costurar sozinha para satisfazer a vontade de ter peças únicas no armário. Enquanto suas colegas na escola estavam começando a portar os jeans e blazers importados, ela quis seguir outro caminho e trazer a África para o mundo dos novos cortes. “A África contemporânea é aquela que está movimento, é essa a tendência. Nós jovens criadoras e criadores esperamos que essa linha de pensamento cresça porque é o que somos hoje”, enfatiza a artista, que também criou um centro de formação de moda sustentável com 14 mulheres de campo, que trabalham com a reutilização e reciclagem do material que sobra da confecção das roupas, criando sandálias e joias singulares. Para ela, a inspiração é local: “Se não somos tão ricos aqui no Senegal, somos ricos em humanidade e em cores e é isso que reflete nas minhas criações”.

 

 

Outra jovem criadora é Bélya. Com 24 anos ela possui uma linha de sapatos e acessórios que traduzem a contemporaneidade da moda no país. Com formato a lá africana, feitos de coro e envoltos em tecidos tradicionais multicoloridos, os produtos da estilista, que segundo ela são inspirados no conforto, estourou nos últimos anos e o sucesso lhe rendeu uma loja exclusiva da marca. As calças estilo saruel de Peti Diouf são mais um exemplo da linha moderna de corte que está invadindo o país.

 

 

Insatisfeito com as opções disponíveis no mercado, Diouf passou a confeccionar as próprias calças. Ele cria o desenho, decide os tecidos e entrega para finalização no ateliê de costura do amigo. Juntos já criaram mais de 10 modelos de calças, inéditas no mercado local. Peti está começando a trabalhar agora com encomendas, mas como muitos outros senegaleses, faz mais para o uso próprio, simplesmente pela paixão de se vestir e de criar a própria moda. Aspiração que parece estar no sangue senegalês.

 

 

Conheça os artistas:
Rama Diaw: www.ramadiawfashion.com
Bélya: www.facebook.com/cridejoie

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