Texto e Fotos: Flora Pereira da Silva
Arte: Natan Aquino

 

Você já conhece a seção Mapa do Afreaka? A cada país que passamos, fazemos um confronto entre versão dada pelos guias tradicionais e aquilo que vimos. Às vezes as ideias batem e às vezes seguem caminhos opostos. Toda a comparação vai para a seção Mapa, que hoje já conta com sete textos. Em cada um deles, analisamos as seguintes categorias: introdução, turismo tradicional, turismo alternativo, curiosidades e culinária. Conheça agora Moçambique.

 

 

INTRODUÇÃO:

O que dizem os guias: Um país reconhecido por seus artistas: escultores, pintores, literários e cantores. A cultura moçambicana, com suas 16 diferentes etnias, se faz cada vez mais presente no mundo. O turismo ali também não para de se desenvolver, assim como sua economia, que cresceu 7,3% apenas no último semestre. É também um país recheado de estrelas olímpicas no basquetebol, atletismo e futebol. Como arquitetura, o país, que durante o século IX foi uma das essências do comércio mundial, carrega uma mistura única de influências africanas, portuguesas, árabes e indianas.

 

 

O que diz o AFREAKA: Moçambique é um destino especial no sul do continente africano, destacando-se na culinária, com apetitosos frutos do mar e pratos com toque especial de óleo de coco; nas artes plásticas com as esculturas de pau-preto e obras de materiais reciclados; na força literária com representantes de peso como Mia Couto e Paulina Chiziane; e nos cenários paradisíacos com praias desertas e arquipélagos intactos. Outra marca do país é o agito e a energia de suas festas, sobretudo na capital Maputo. Viajar pelas estradas moçambicanas e admirar a vida que acontece em suas margens é uma experiência única no mundo. 

 

 

Turismo Tradicional

O que dizem os guias: Toda a costa do país merece ser visitada. Difícil deve ser escolher para onde ir. Com praias intocáveis, arquipélagos paradisíacos, como o de Quirimbas ou o Bazaruto, boa infraestrutura de turismo e excelente culinária, Moçambique é destino de viajantes de todo o mundo e sonho para os mergulhadores, uma vez que sua ecologia marinha é classificada como tropical do Indo-Pacífico, ou seja, a com maior biodiversidade do mundo. Quem não deve ficar de fora é a própria capital Maputo. Agradável no clima e na arquitetura é responsável pela maior cena cultural do país com seus museus imperdíveis como o Núcleo de Arte e Museu de Arte Nacional.

 

 

O que diz o AFREAKA: Quem gosta de praias paradisíacas já pode ir preparando as malas. De norte ao sul do país não faltam lugares de tirar o fôlego, com opção para todos os gostos e bolsos. A maioria dos turistas estrangeiros acaba ficando pelo sul do país e aproveitam a viagem para conhecer os países vizinhos África do Sul e Swazilândia. No sul, Inhaca e Ponta de Ouro são um dos principais destinos. Maputo também não passa batido, com sua forte programação noturna e rede gastronômica. Para quem ruma ao norte, os arquipélagos de Quirimas e Bazaruto estão em qualquer top 10 de paraísos a serem explorados!

 

 

Turismo Alternativo

O que dizem os guias: No norte, região do povo makonde, será possível admirar suas tradicionais e mundialmente reconhecidas esculturas trabalhadas em madeira. Opções de dança também não vão faltar em Moçambique: marrabenta, tufo ou mapiko. Tudo vale na hora de remexer os ossos. Em Maputo, não deixe de visitar as obras de Malangatana, o maior representante da arte contemporânea do país. Entre tudo isso, aproveite para ler um livro de Mia Couto, um dos maiores escritores africanos. O Teatro dos Oprimidos, de Augusto Boal, também faz parte da cultura moçambicana, em que alguns grupos comunitários o utilizam para combater problemas sociais. Vale a pena saber bem e conhecer um pouco mais sobre eles.

 

 

O que diz o AFREAKA: A primeira dica para começar uma boa seção de turismo alternativo é se jogar nas opções que o mundo da arte do país tem para oferecer. Livros, discos, concertos, teatros, danças: sobra qualidade na cultura moçambicana. Depois que estiver abastecido, comece a explorar o território da arquitetura, com destaque para a Ilha de Moçambique, patrimônio histórico mundial da Unesco. Conhecer as obras de Malangatana é outra opção, mas vale dizer que outros artistas estão se destacado no cenário contemporâneo, muito dos quais se reúnem diariamente no Núcleo de Arte, em Maputo. Vale uma passada (ou muitas)! 

 

 

Curiosidade

O que dizem os guias: É estranho, mas apesar da língua oficial do país ser português, ela é a língua materna apenas de 6% da população. As outras 16 também estão presentes na constituição como línguas nacionais, ou seja, de suma importância para o patrimônio cultural. Também vale dizer que, em grande parte da população, a responsabilidade do sustento da casa é da mulher. Já sobre a fauna nacional, vale destacar a massiva presença dos tubarões baleia, gigantes que atingem até 12 metros de comprimento. Os ‘bichinhos’ são tão comuns no mar moçambicano, que até tem até turismo para nadar com eles, você topa?

 

 

O que diz o AFREAKA: Para espalhar um espírito de paz pelo país, um projeto de artistas decidiu transformar armas em arte. O objetivo era recolher as armas que haviam sido utilizadas durante a guerra em troca de instrumentos de trabalho do campo e transformá-las em instrumentos de paz, mas a iniciativa foi além e acabou incitando um forte movimento de arte sustentável, que hoje se espalha pelas veias dos jovens artistas locais. Entre outras curiosidades do país, está a origem do próprio nome. Moçambique é a pronúncia errada de Mussa Bin-Bique, o sultão que deu o nome a Ilha de Moçambique, que por sua vez deu o nome a nação. Sobre os tubarões, avistá-los não é tão fácil assim, são algumas companhias de turismo que trabalham com o passeio e o preço não é dos mais baratos.

 

 

O que provar?

O que dizem os guias: Com tamanha costa marítima, o que não falta no país é fruto do mar. Camarões gigantes e lagostas são os mais populares entre os turistas. Mas típico mesmo da culinária local, é o Piri-Piri, uma das primeiras palavras que você vai aprender, principalmente se gosta de comida apimentada. É o nome dado aos frutos menores da pimenta malagueta e para os locais vai bem com quase tudo: no ensopado, no frango, no peixe e por aí vai! Para experimentar, tem também o kakana, um vegetal local de sabor amargo, ou o pãozinho, encontrado em qualquer esquina, é uma massa farinhenta semi-doce, servido com carne no meio. Como bebida, tem a 2M, cerveja nacional preferida ou então a bebida típica Cashu, preparada com casca de castanha de caju.

 

 

O que diz o AFREAKA: Pelo tamanho, pelo sabor e pelo preço é verdade que os frutos do mar do país deixam qualquer turista de água na boca. No entanto, as opções da cozinha moçambicana vão além, trazendo diferentes especialidades por região. O toque de coco dos pratos da província de Zambezi é um dos principais destaques da culinária local. É também dali que vem o frango mais famoso do país: o cafrial. Vale também experimentar a matapa, prato preparado com folhas de mandioca e castanha de caju. O pãozinho descrito nos guias é na verdade, uma versão um pouco mais massuda do que no Brasil é conhecido como pão francês. O piri-piri é o molho nacional e para os moçambicanos vai bem com tudo e qualquer hora do dia.