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Brasil / África

Pulsando África – Thais Lino, um pincel inspirado na textura africana
por Kauê Vieira

 

 

Estilo contemporâneo e um jeito próprio de pintar, assim se define Thais Lino. A artista, que já mostrou suas obras em diversas cidades do Brasil, além de ter tido seus trabalhos expostos em outros países como Cabo Verde e Portugal, ao longo de sua carreira, teceu uma linha de conexão estética entre suas obras e o continente Africano. Em entrevista ao AFREAKA, Thais não enumera os elementos que conectam seus trabalhos com um dos continentes mais complexos do planeta, mas expande sua inspiração ao contexto geral, enfatizando suas impressões sobre tudo que nos aproxima da África. “Muitos elementos da cultura africana me inspiram, porque não dizer todos. Para mim, África é cor, é visual, é textura que impressionam os meus cinco sentidos. As texturas me trazem a mente o senso de estética,” conta.

 

 

 

 

Cores estas que podem ser vistas logo ao bater os olhos em suas criações, que evidenciam a criatividade em suas atividades estéticas. Para a artista plástica, a África serve como inspiração em qualquer momento de sua vida. “A Cultura Africana é riquíssima e me inspira a sair às ruas e ver tudo, as pessoas, os lugares, os tecidos desde aqueles surrados pelo dia, aos lindos turbantes da senhora vestida para a festa. Existe algo único ali. É justo dai que começa a estrutura das minhas obras. Volto e mesclo tudo, claro que com harmonia. Sob o meu olhar trabalho novas percepções, de forma bem pessoal. Estas percepções são sem fronteiras para a criação artística, as ideias afloram e a linguagem visual própria se manifesta”, salienta.

 

 

 

 

Presença frequente em ateliês desde sua adolescência, Thais Lino busca colocar elementos lúdicos de sua infância nos trabalhos e claro, não poderia ser diferente com a África, para onde se mudou quando criança. “Inicialmente, fui para Guiné, bem jovem, com minha mãe que fazia parte de um projeto na área de saúde daquele país. Logo depois começou uma guerra civil em Guiné e fomos refugiados para Senegal anos mais tarde fui para Cabo verde, onde passei um tempo. Parece ontem, mas já se vão 17 anos. Quem experimenta a atmosfera deste continente se encanta e o encanto é tanto que não se pode negar. Não tive problemas em me integrar na cultura, acho que a África me escolheu e eu a ela. E na arte foi algo natural escolher a África. São as consequências de suas influências que expresso em meus trabalhos,” comenta.

 

 

 

 

Além de exercer predominar os temas de suas obras, Thais lembra que África é presença constante na cultura brasileira em geral. Seja em crenças religiosas como candomblé e até mesmo a umbanda ou pela presença maciça de negros por aqui. “No Brasil, a relação das influências são inegáveis, os elementos realmente estão na diversidade das tradições culturais. Uma pena é que de modo geral, enxerga-se mais as “diferenças”, enquanto percebo coisas tão parecidas. A espontaneidade do povo, a base da sociedade brasileira é formada por negros”, declara a artista. Outro campo de forte presença africana, além da estrutura social, é sem dúvidas a cultura. Festas tradicionais brasileiras, de alguma forma, têm um “pé na África”. “Somos multiculturais e na arte sabemos que a dança e a música bem interpretam estes elementos fortes que vêm da África. Nas artes plásticas vejo pouca influência, digo no hoje contemporâneo, considero que as que predominam ainda são as europeias. Talvez por falta de contatos,” diz.

 

 

Mesmo com raízes tão próximas de nós, brasileiros, o continente africano segue como um mistério para muitas pessoas. É comum, por exemplo, ao caminhar pelas ruas, encontrar pessoas que acreditem que a África seja um país. Falando sobre o tema, a artista plástica Thais Lindo aponta a cultura como saída para mudar este panorama: “O que se conhece da África, algumas vezes, é apenas a riqueza de sua fauna, mas hoje é diferente, muito se tem avançado neste sentido. É preciso fazer, levar mais intercâmbios culturais e aumentar ainda mais a difusão de valores culturais entre os países africanos e os estados brasileiros” encerra a artista, que se consagra como uma brasileira, que com sua obra, pulsa África.