width="62" height="65" border="0" /> width="75" height="65" border="0" id="Image2" onmouseover="MM_swapImage('Image2','','http://www.afreaka.com.br/wp-content/themes/afreakaV2/images/btnpostsselected.gif',1)" onmouseout="MM_swapImgRestore()"/> width="75" height="65" border="0"/> /> /> /> />

TanzâniaPerdendo-se na fusão cultural
de ruas sinuosas 
Texto e Fotos: Flora Pereira da Silva
Arte: Natan Aquino

 

Ao chegar à Stone Town, na ilha de Zanzibar, a impressão é de ter encontrado a passagem para um mundo secreto. De repente, as histórias mágicas ouvidas com orelhas abertas e imaginação a mil na infância parecem ganhar um cenário. As ruas são tão estreitas que é preciso fazer fila para atravessá-las, as casas de arquitetura árabe são todas brancas com descascados que chegam a ser charmosos, e, as portas pelo meio do caminho, detalhadamente esculpidas em madeira ou ferro, completam o feitiço que toma conta do pedestre perdido pelos labirintos da cidade.

 

 

Stone Town é Patrimônio Mundial da Unesco. E não era para menos. Além de ter sido um marco comercial do leste do continente por mais de um milênio e peça-chave para início e fim da rota de tráfico de escravos e, consequentemente, da diáspora africana, a cidade, com sua arquitetura, pessoas, trejeitos, costumes e cultura, é uma junção particular de mundos, o africano suaíli, o português, o omani, o indiano e, para finalizar, uma pitada de marroquino e turco.

 

 

Cada ingrediente da receita está refletido nas passagens sinuosas da cidade de pedra, que hoje abriga no ventre todas as culturas que por ali passaram. As combinações, ora homogêneas, ora díspares, transformaram a península em uma manifestação arquitetônica única no mapa-múndi. Entre construções suaílis do século XIV, espremem-se edifícios erguidos pelos navegadores portugueses nas duas centenas de anos seguintes. Mas foi a dinastia islâmica, com seus ricos comerciantes, que embelezou a cidade com palácios e mansões. A fusão cultural não acabaria por aí.

 

 

No século 19, o sultão Seyyid Said passou a ter controle de Zanzibar e resolveu transferir para a charmosa ilha a capital de seu império. Trouxe com ele diferentes tradições arquitetônicas de seu país, construindo casas de pedra com dois andares e de telhados planos. Na mesma época chegaram também influências indianas, marcadas pela presença das “varandas” e das portas esculpidas em madeira. O toque final foram alguns derivados da arquitetura islâmica da Turquia e do Marrocos introduzidos durante a colonização pelos britânicos, que também trouxeram catedrais de estilo gótico e românico.

 

 

O resultado é um museu vivo. Entre as apertadas passagens da cidade, mulheres de burcas e vestidos coloridos atendem os clientes de suas lojas de secos e molhados, preparam e vendem chapatis sentadas nas poucas calçadas e observam das janelas o movimento sempre ativo das vielas. Os homens de clássicos trajes suaílis brancos e chapéus de bordados dourados caminham de volta ou em direção à mesquita para os horários de oração, ou então, se encontram para trocar ideias nos estreitos espaços públicos da cidade. As motos e bicicletas também fazem parte do cenário, abrindo caminho entre as passagens e seus pedestres. Os jovens, com suas camisas de frases descoladas, encontram espaços para caber em grupo no aperto das alamedas. O resto, ou está dentro de casa ou está sentado à porta, assistindo o movimento da rua e desejando categoricamente a todo visitante perdido no labirinto: “Karibo” – seja bem-vindo, em suaíli.

GALERIA DE FOTOS