Em meio a tantas Bienais de arte sendo inauguradas ao redor do mundo, a cidade de Kinshasa, capital da Republica Democrática do Congo também apresenta a sua. A Yango Bienal é a primeira Bienal de arte contemporânea da cidades e ocorre no período curto de um mês, entre os dias 21 de novembro à 19 de dezembro de 2014.
Não é à toa que Kinshasa foi escolhida como cenário para a primeira bienal de sua história. Uma das cidades mais populosas do continente africano, com aproximadamente 165.000 habitantes, é considerada um dos centros urbanos mais importantes do cenário artístico da África Central. Kinshasa é o lugar de criação de diversos artistas contemporâneos, como os já conhecidos internacionalmente, Chéri Samba, Chéri Chérin, Jean Nsimba Mika e Pierre Bodo.
A curadora Sithabile Mlotshwa em uma das entradas da Yango Biennale 2014.
As produções de Chéri Samba e Cheri Cherin fazem parte das primeiras gerações de artistas do pós-independência da República Democrática do Congo. Samba, por exemplo, foi um dos expoentes do movimento artístico dos anos 70/80, tendo uma grande produção de obras que mesclam texto e imagem de cunho político e social. Já Cherin possui seus trabalhos mais conhecidos em murais, paredes de bares, barbearias e lojas, espaços potentes para revelar suas percepções.
Mesmo com Kinshasa sendo um centro de importantes produções culturais, a Yango Bienal não pretende se colocar como uma exposição de caráter nacionalista, pelo contrário, a mostra conta com a participação de artistas de diversos países do continente africano, da Europa, das Américas, do Oriente Médio e da Ásia.
Fotografias da Yango Biennale 2014 – Fonte Dilvugação facebook Yango Biennale.
Com diretoria executiva de Kiripi Katembo e curadoria de Sithabile Mlotshwa, essa bienal tem como ponto norteador o tema “avancer” (avançar). A exposição busca apresentar a atitude de alguns artistas como disparadores para questionamentos envolvendo a realidade individual do visitante e as possibilidades de avançar dentro da sociedade atual. No site da exposição são apresentadas dúvidas, perguntas e possibilidade para o início de diversas reflexões sobre o tema.
A Yango Bienal apresenta discussões recentes no campo das artes e busca provocações, olhares atentos e questionadores. De acordo com Sithabile e Kiripi, o tema parte também de ações que ocorreram no campo das artes nos últimos anos: “Ao longo dos últimos 10 anos, surgiram muitos movimentos artísticos em oposição ao academicismo, muitos coletivos de artistas começaram a se envolver com os espaços públicos, com questionamentos sobre a relação entre arte e espaço urbano”.
Fotografias da Yango Biennale 2014 – Fonte Dilvugação facebook Yango Biennale.
E, completam dizendo que, “A Yango Bienal quer permitir questionar o sentido que cada um de nós, como artista ou curador, escolhemos para seguir, para ter seu emprego, sua comunicação, sua visão de cidade, de país, de continente e de mundo”.
Dessa forma, a Yango Bienal demonstra ser um lugar de ocupações contemporâneas que ultrapassam os limites de ações consagradas dentro do sistema das artes, buscando o diálogo entre arte, artista e visitante.
Fotografias da Yango Biennale 2014 – Fonte Dilvugação facebook Yango Biennale.