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Nigéria

Walé Oyejide: A representatividade que nasce na moda afro-futurística
por Kauê Vieira

 

“A ideia da primeira coleção foi apresentar uma visão orgulhosa de Lagos no futuro”

 

 

Dentre outras coisas, o continente africano é conhecido pelas cores vivas que permeiam o jeito único de se vestir de cada país. Entretanto, como tudo que cerca a África, ainda existe uma visão romântica e estereotipada sobre a moda por lá. Deixando as comunidades tradicionais de lado, como se veste o homem contemporâneo africano? Quais são os principais nomes da cena fashion dos países de África?

 

 

Em busca de desmistificar visões, desconstruir conceitos e dar voz ao protagonismo africano, surge o trabalho do nigeriano Wale Oyejide, hoje, considerado um dos cinco homens mais elegantes da Nigéria, de acordo com a revista Esquire. Wale sempre se considerou um homem criativo, mesmo nos tempos em que estudou e exerceu Direito. A ideia de escrever sobre moda veio justamente dessa capacidade de criar e de correr atrás dos sonhos.

 

 

Decidido a levar o hobby como coisa séria, o artista fundou o blog Less Gentlen, que mais do que um instrumento de diversão, se tornou o pontapé inicial para sua própria grife: Ikeré Jones, marca que pensa modelos de jaquetas e acessórios como lenços de bolso. Tudo para os homens. Com o avanço do sucesso, logo chega sua primeira coleção ‘Escape to New Lagos’, que como o nome já diz, é um passaporte para este lado futurístico e contemporâneo de uma das metrópoles mais cosmopolitas de toda África. Daí o conceito de afro-futurístico.

 

 

“A ideia da primeira coleção foi apresentar uma visão orgulhosa de Lagos no futuro. Infelizmente, imagens de crianças morrendo de fome ainda estão presentes no imaginário estrangeiro quando se fala em África, então eu queria apresentar uma visão completamente diferente,” pontua.

 

 

O conceito de um design que apresente uma Lagos do futuro só vem para aumentar o coro de que os nigerianos são seres tecnológicos e estão em compasso com as novidades do meio. Por exemplo, números dão conta que 73% de toda a população do país possui smartphones, sendo que o número salta para 95% no caso dos com segundo-grau completo.

 

 

 

A grife Ikeré Jones ressalta o protagonismo africano e a importância da identificação, revelando as raízes negerianas e africanas 

 

 

Utilizando-se de elementos da cultura do Oeste africano, as roupas de Wale se diferenciam das grandes marcas pelo processo de produção. Em um mundo onde é cada vez maior o número de grandes marcas fazendo uso de trabalho de massa e industrializado para a produção, o artista faz questão do trabalho artesanal e ético, explicando que isso o deixa com a consciência limpa.

 

 

“Eu fico orgulhoso de poder dizer aos meus clientes onde as jaquetas e os acessórios são feitos. Não há lojas de suor ou práticas questionáveis no processo da Ikiré Jones,” explica em entrevista ao site Black Enterprise.

 

 

Aos 33 anos, Wale Oyejide é um grande exemplo do protagonismo africano e da importância do reconhecimento para a criação ou fortalecimento da identidade dos negros de África e do Brasil. Seu trabalho se coloca como uma autoexpressão artística, revelando suas raízes nigerianas e africanas.