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Brasil / África

Viviane Ferreira, cinema de protagonismo negro e feminino
por Iolanda Barros

 

Capa do filme “O Dia de Jerusa”

 

 

Viviane Ferreira é uma cineasta negra e baiana que vive em São Paulo. Na cidade da pressa, do cinza, da correria, da solidão. Dirigiu o curta-metragem “O Dia de Jerusa”, selecionado para fazer parte da programação de curta-metragens do Festival de Cannes em 2014, no qual realizou uma homenagem à ancestralidade negra no Brasil que já venerava desde criança, em Salvador, sua cidade natal.

 

 

O cenário do filme é o Bixiga, bairro paulistano tradicionalmente conhecido por suas heranças italianas, mas também um dos maiores e mais antigos guardiões da população e da cultura negra da cidade. Berço do samba da Vai Vai, da Rua da Abolição, da Rua 13 de Maio. Abrigo atual de grande parte dos imigrantes nordestinos, haitianos e africanos que vivem na cidade.

 

 

No enredo do filme, a jovem Silvia trabalha com pesquisa de mercado para uma marca de sabão de lavar roupa e segue pelas ruas do Bixiga entrevistando seus moradores. Um dia, ela conhece Jerusa, moradora um sobrado antigo, um sobrado resistente em uma cidade que a cada dia se verticaliza mais. O diálogo entre as duas personagens revela noções surpreendentes sobre o tempo, a memória, a identidade e as relações humanas.

 

 

Diretora negra, mulher. Elenco negro, e mais uma vez de protagonismo feminino. O Dia de Jerusa, que conta com as atrizes Lea Gonçalves e Débora Marçal interpretando as personagens principais, é um dos marcos do cinema negro brasileiro da contemporaneidade.

 

 

Cinema negro, sim. Porque foi idealizado para denunciar as desigualdades que ainda existem na produção cinematográfica brasileira. Para trazer a tona a voz de tantas mulheres negras protagonistas, mas que quando aparecem nas telas do cinema são subrepresentadas, estereotipadas, objetificadas. O Dia de Jerusa é um representante  importante desse cinema negro, tão necessário para construir narrativas mais plurais sobre as histórias, estéticas e subjetividades negras no Brasil, na luta contra o racismo que ainda insiste em inundar o país.