Para os interessados em literatura africana, uma visita a Bienal Internacional do Livro de São Paulo pode ser promissora. O evento, que acontece até o dia 31 de agosto, traz espalhados por suas estandes obras literárias de autores clássicos da África, além de livros didáticos e enciclopédias sobre a cultura e história do continente, tudo por preços promocionais. No entanto, o destaque vai para o Projeto LerAngola, que conta com um espaço exclusivo para a promoção da literatura angolana, marcando a estreia do país na Bienal.
(Foto: divulgação – Projeto Ler Angola)
Idealizado pelo governo de Angola, a iniciativa tem o objetivo de recuperar, valorizar e promover a leitura angolana, fazendo chegar os livros a toda comunidade nacional, sobretudo, às periferias e às pessoas menos favorecidas, disponibilizando-os a preços mais baixos ou gratuitamente. Para isso, o projeto se dividiu em dois setores. O primeiro foi o lançamento do programa “11 Clássicos da Literatura Angolana”, que anualmente fará uma reedição de 11 obras de referência, comercializadas a 500 kwanzas (aproximadamente 10 reais) ou então distribuídas gratuitamente em bibliotecas públicas, escolares, mediatecas, instituições culturais e bairros mais pobres.
Tenda do Projeto Ler Angola na Bienal (Foto: divulgação – Projeto Ler Angola)
Pretende-se assim incentivar uma maior produção e circulação do livro como produto cultural. Para engatar a ideia, o segundo setor de atuação engajará novos autores, com o lançamento da bolsa literária, aberta a todos os angolanos que gostem de escrever ou que tenham alguma obra que queiram publicar. Anualmente serão selecionados 11 novos autores, que terão suas obras editadas e publicadas, com despesas pagas e ainda com um estímulo monetário de 2500 dólares, além dos proventos da venda, que serão todos direcionados ao próprio autor.
(Foto: divulgação – Projeto Ler Angola)
Ainda, o LerAngola lançará um programa de televisão exclusivamente dedicado à literatura, para trazer mais informação sobre a disciplina cultural e para colaborar na valorização e visibilidade dos escritores. Divaldo Martins, coordenador interno do projeto, em entrevista ao VerAngola, ilustra: “O Programa surgiu do reconhecimento sempre presente da importância de valorizar cada vez mais os angolanos, dando-lhes, por um lado, mais acesso à informação e cultura e, por outro, incentivando-o a criar, a expressarem-se manifestando a sua identidade. Valorizar os angolanos significa valorizar não apenas aqueles que consomem, mas, fundamentalmente aqueles que produzem, aqueles que todos os dias, com a sua força, coragem, determinação, engenho e sua arte criam e recriam a Angola que todos sonhamos”.
(Foto: divulgação – Projeto Ler Angola)
A previsão é que a primeira fase do projeto vá até 2017, com a publicação de quase 100 obras literárias e com a possibilidade de ser continuado. No espaço LerAngola da Bienal Internacional do Livro todas as 11 obras publicadas nesse primeiro ano do projeto, estão disponíveis a venda. Além de clássicos como Luís Fernando, Ismael Mateus, Mena Abrantes, Pepetela, Manuel Rui Monteiro e Ana Paula Tavares e Ondjaki. O espaço oferece também uma programação especial, com palestras e exibição de filmes angolanos.
Para saber mais sobre o LerAngola: https://www.facebook.com/lerangola
Para saber mais sobre a Bienal: http://www.bienaldolivrosp.com.br/
Confira a lista dos clássicos da primeira edição do Projeto LerAngola:
- Espontaneidades da minha alma, de José da Silva Maia Ferreira
- Nga Mutúri, de Alfredo Troni
- Delirios, de Joaquim Dias Cordeiro da Mata
- O segredo da morte, de António de Assis Júnior
- Luuanda, de José Luandino Viera
- Sagrada esperança, de Agostinho Neto
- Mestre Tamoda e outros contos, de Uanhega Xitu
- Mayombe, de Pepetela
- Quem me dera ser onda, de Manuel Rui
- Sobreviver em Tarrafal de Santiago, de António Jacinto
- Trajectória obliterada, de João Maiomona