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Brasil / África

Pretas na Música: as cinco cantoras donas das paradas brasileiras
por Kauê Vieira

 

Mc Soffia (Foto: Divulgação)

 

 

Dentre as muitas expressões artísticas existentes, a música é das mais importantes ferramentas de conscientização e educação social. Exemplos não faltam, seja a histórico de luta contra o racismo e o machismo travada por nomes como Billie Holiday e Nina Simone em diferentes períodos da história dos Estados Unidos ou Dona Ivone Lara e Clementina de Jesus, que ao protagonizarem a cena de um meio conhecidamente dominado por homens, o samba, inspiraram gerações de mulheres brasileiras.

 

 

Agora, mais de uma década após o início dos anos 2000, uma nova geração de mulheres negras dominam as paradas com suas canções sobre a relação entre Brasil e África, a importância das raízes, o empoderamento e o feminismo negro etc. Educação, sexo, racismo, novas formas de pensar e agir, não há limites nos microfones empunhados pelas protagonistas da música feita no Brasil. Pinçamos algumas na lista abaixo. É pra inspirar!

 

 

MC Soffia

Ela vai à escola, gosta de estudar e brincar, mas também de falar sobre empoderamento das mulheres negras e da cultura africana e afro-brasileira. Nascida na periferia de São Paulo, MC Soffia se tornou uma das grandes representantes do rap nacional. Com suas rimas a pequena canta sobre nomes importantes da cultura negra do Brasil e de África, como a princesa angolana Nzinga, que lutou contra a colonização portuguesa ou a escritora brasileira Carolina Maria de Jesus. Ah, nem venha com essa história de princesinha pra cima de MC Soffia, viu?

 

 

“África, onde tudo começou

África, onde está meu coração

África, com sua beleza e tradição

África, é pra você essa canção!”

 

 

África:

 

 

(Foto: Reprodução)

 

Ellen Oléria

Ellen Oléria nasceu em Brasília e se formou como atriz. Mulher negra, lésbica e da periferia, como a própria se define, Oléria faz questão de fazer de sua música um elo com movimentos sociais e grupos diversos outros grupos, como os que abordam o genocídio da população negra, a diversidade de gênero, o empoderamento e feminismo negro.  Aliás, recentemente a cantora estreou na TV Brasil o Estação Plural, primeiro programa LGBT da televisão aberta.

 

 

“Eu quero dizer que ser afrobrasileira

Ser negra, me faz uma mulher feliz.”

 

 

Zumbi (canção de Jorge Bem Jor):

 

 

 

 (Foto: Roger Cipó)

 

Nega Duda

Nascida na cidade de São Francisco do Conde no Recôncavo Baiano, Nega Duda representa a cultura negra de raiz do Brasil. Radica em São Paulo, Dulcinea Cardoso se tornou uma verdadeira embaixadora na capital paulista da cultura do interior da Bahia. Com seus turbantes, pulseiras e vestidos coloridos, Duda já foi homenageada pelo maior bloco afro de Sampa, o Ilú Obá de Min e é responsável pela criação do Samba de Roda da Nega Duda, evento que abre espaço para a música, mas também para o conhecimento por meio da leitura, um convite irrecusável para o público interessado em conhecer melhor sobre as religiões de origem africana, especialmente o Candomblé.

 

 

Nessa linha, Nega Duda criou o Ekan de Axé, que além de homenagear um orixá em cada edição, também promove rodas de debates sobre as características ou arquétipos destas divindades cultuadas em regiões do continente africano e no Brasil.

 

 

“Toda mulher negra

É obrigada a ser mais forte.”

 

 

O Samba de Roda de Nega Duda:

 

 

 

 
(Foto: Reprodução) 

Tássia Reis

Conhecidamente machista, o rap vem se transformando em um espaço protagonizado por mulheres, conquista adquirida com muita luta e disposição de nomes como Negra Li e Tássia Reis, esta um dos grandes símbolos do hip hop atual. Com batons coloridos, tranças laranjas, vermelhas e amarelas e estampas que remetem à ancestralidade africana, a rapper não exita em utilizar sua música como forma de combater os preconceitos presentes no Brasil. Representante da Frente Nacional de Mulheres do Hip Hop, Tássia Reis produz um som que bebe no R&B e também no soul.

 

 

“Se depender de mim, vou merecer

O respeito que aprendi que devo lutar pra ter

Isso me fez fortalecer, desenvolver

Se não fosse sagaz, tava em outro rolê.”

 

 

Calma Preta:

 

 

 

 (Foto: Reprodução) 

 

Juçara Marçal

Cantora, professora e pesquisadora, Juçara Marçal trata em sua obra da cultura popular do Brasil. Sua carreira teve início em 1998 no grupo Vocal Vésper, onde gravou quatro discos. Recentemente se juntou ao músico paulista Kiko Dinucci em um trabalho de pesquisa e investigação de elementos e tradições da cultura afro-brasileira.

 

 

O resultado se deu de diferentes formas, como o disco gravado entre os dois, Padê, que num formato acústico leva o ouvinte para uma viagem nas raízes afro-brasileiras e o trio Metá Metá, dono de um som mais agressivo e guitarras estridentes. Com dois álbuns  lançados e também a participação do saxofonista Tiago França, o trio fala sobre os orixás como Exu e Iansã, além de unir elementos das religiões de matriz africana com a vida urbana de cidades como São Paulo. Em 2014 Juçara lançou seu primeiro disco solo, o elogiado Encarnado, que tem como tema central a morte, tratada nas 12 faixas como uma espécie de renascimento.

 

 

“Chora não, Oxum

De que chorar?

Sonha viu, Oxum

Sem lágrima

Hoje eu não vou deixar

Ninguém sofrer

Não quero ver a minha Oxum chorar

Colho os prantos sem deixar nenhum

Pra lhe acordar.”

 

 

Canção pra ninar Oxum: