Da união de dois talentos indignados com as injustiças sociais e políticas de Burkina Faso, nasce o grupo de rap Faso Kombat. Com a base e o bit hip hop agregado à sonoridade e à melodia africana, a dupla explodiu nas rádios do país já no primeiro álbum: Parcours des Combattants (O Percurso dos combatentes), que evoca e simboliza a luta pela expressão e reconhecimento de temas caros para os cantores. Com letras reflexivas que abordavam temas problemáticos na sociedade como o destino dos órfãos, a vida dos estudantes e o desemprego crônico, Davi e Malk’hom, em suas músicas, trazem, sobretudo, uma ponderação importante da África contemporânea: as dificuldades enfrentadas atualmente pelos jovens que seguem uma vida regrada em busca de metas aspirando por uma realidade melhor.

Com disciplina férrea, os dois guerreiros do hip hop afro, coabitam composições bilíngues. Enquanto David canta em Moore (língua local), Malk’hom declama seus poemas musicais em francês. A mistura é proposital: querem passar a mensagem da diversidade existente no país, sintonizando a música com a vida do cidadão burkinabé, que cotidianamente vive essa dualidade cultural. Hoje, já no quarto disco, a dupla musical é uma das mais reconhecidas de Burkina Faso, sendo frequentemente descritos como os melhores cronistas da sociedade. Pela luta social e pela qualidade musical, em 2011, ganharam o prestigioso título de “Golden Kunde”, que corresponde ao troféu de melhor grupo artístico do país.

Um dos objetivos da dupla, explica Davi, é promover a ideia de que combinar as diferenças é mais importante do que rivalizá-las: “O combate é da verdade contra a falsidade, é a busca dos valores humanos e a luta contra aqueles que nos levam para a ilusão”. Com críticas constantes aos líderes dos países da África do Oeste, sobretudo os de Burkina Faso, o grupo Faso Kombat procura lutar pela recuperação do continente pelos seus habitantes e a recuperação de valores que para eles são fundamentais: a confiança moral e política do cidadão. “Para mim os parasitas da África são seus dirigentes, que querem governar como fossem reis. Somos jovens. Temos a chance de sermos escutados por todo mundo. É nossa obrigação dizer o que os outros querem e não podem. Através das canções, passamos para frente a sabedoria do povo”, conclui Davi, explicando que as mensagens das músicas não são apenas deles, mas sim o reflexo do pensamento de toda uma sociedade e do mundo que a envolve.

Confira o clipe de um dos sucessos do Faso Kombat: 

E uma palhinha que eles deram para o AFREAKA: