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Angola

O Kuduro na Internet: dos musseques para o Mundo
por Patrícia Freire


 
Divulgação Oficial do clipe: Danza Kuduro de Don Omar e Lucenzo.

 

 

A difusão pela internet foi a principal responsável pelo sucesso mundial do Kuduro. “Sound of Kuduro” e “Hangover (BaBaBa)”, do grupo Buraka Som Sistema, já ultrapassaram juntos mais 7 milhões de visualizações. No clipe, gravado nos musseques, o povo é o personagem principal da dança que valoriza a atuação individual. Misturada ao ritmo agitado, os clipes mostram que o Kuduro atinge todas as faixas etárias. “Comboio II”, “Sobe”, “Na esquadra” são vídeos de sucesso dos Lambas, atingem juntos mais de um milhão de visualizações.

 

 


 
Nagrelha, integrante de Os Lambas com a funkeira Linna Jhoy. Crédito: Funpage de Linna Jhoy no Facebook.

 

 

Em 2010, o Dj e produtor Killamu postou o vídeo Killamu: 10 years of Kuduro in Angola, onde fala sobre a evolução do movimento. Ele cita nomes como Puto Prata e suas contribuições para estruturação do estilo, para ele Prata inseriu estrofes e rima que deram maior consistência à música. Mesmo com o sucesso do estilo, Killamu reclama das condições financeiras que seus artistas ainda possuíam, inclusive ele: “Eu estou há 10 anos nesta vida, mas ainda não tenho nada, o Kuduro, praticamente, se tornou aceito em Angola somente no ano passado [2009], acredito que passou a ser aceito, porque os estrangeiros gostaram, então, aqui os grandes pilares da música vão começar a querer o estilo”, diz Killamu. “Os músicos são obrigados a fazer muitas curvas e contracurvas para manter as panelas acessas no cubículo”, diz Tony Amado, criador do Kuduro, no documentário Kuduro: Fogo no Museke. O Kudurista, pai de cinco filhos, mostra sua casa simples, até sem janelas e, mesmo assim, esperança com o ritmo: “Estamos aqui, mas não nos sentimos diferentes dos que estão na cidade, porque o que fizemos aqui é também consumido lá. A tendência é subir e melhorar as condições”, acredita.

 

 

Contudo, as dificuldades financeiras não impediram o sucesso do ritmo.  Atualmente, ao digitar no You Tube o termo “Kuduro”, mais de 3.490.000 resultados aparecem. O vídeo com maior visualização é Don Omar – Danza Kuduro ft. Lucenzo, com quase 600 milhões. O clipe exalta uma vida de luxo que nada se compara à realidade nos musseques. Don Omar, um cantor porto-riquenho conhecido com El-Rey, fez diversas participações na série dos filmes Velozes e Furiosos e gravou no Brasil o clipe “Taboo”, onde exalta o samba, o clima e a vida no Brasil.

 

 


 
Os Lambas no clipe “Provo e Gosto”.

 

 

A versão brasileira “Vem dançar Kuduro”, produzida pelo cantor Latino e o músico Daddy Kall, se tornou conhecida como tema da novela Avenida Brasil. O vídeo já atingiu 15.770.585 visualizações.

 

 

Para provar que a febre atinge todas as classes, gêneros, possíveis, uma das maiores celebridades do Kuduro é Titica, uma transexual. Apesar da intolerância à homossexualidade existente no continente africano, Titica encontrou sua chance de ser aclamada por seu talento, sem temer rejeição. Em 2011, no Concerto das Divas, recebeu o prêmio de melhor artista do ritmo Kuduro das mãos do presidente de Angola José Eduardo dos Santos.  O vídeo oficial Chão Chão possui mais de um milhão de visualizações.

 

 

Uma parceira brasileira com o país angolano é o vídeo de Linna Jhoy e Nagrelha, “Desce”, é uma mistura do Kuduro com o Funk. Lançado em Zambizanga, em 2012, o vídeo não foi muito expressivo, teve até o momento menos de 15 mil visualizações. “Brasil e Angola se juntaram pra poder dar o seu melhor”, diz a letra.

 

 


 
Divulgação do Filme I love Kuduro

 

 

 

I Love Kuduro

No ano passado foi lançado o documentárioI love Kuduro”, dirigido por Mário Patrocínio e pelo produtor angolano Coréon Du.  Os personagens do filme são Tony Amado, Sebem, Nagrelha, Hochi Fu, Presidente Gasolina, Príncipe Ouro Negro, Sarissari, Tchoboli, Francis Boy, Titica, Cabo Snoop e os estilistas Tekasala e Shunnoz.

 

 

I Love Kuduro não é apenas um lema para artistas e amantes do estilo electrónico Angolano, mas passa a ser uma afirmação que começa a alastrar-se mundo fora, sendo também adoptada pelas pessoas que tomam contacto com o que se tornou num ícone da cultura contemporânea daquele país da África Austral”, diz o produtor angolano.

 

 

Mário Patrocínio que, no Brasil, já havia feito “Complexo: universo paralelo” já sabia que um dos seus projetos futuros envolveria o Kuduro. ‘Foi um privilégio ter estado em Angola logo nos primeiros meses de paz, pois mais tarde isso me ajudaria a entender melhor as histórias das muitas pessoas que escutei quando rodamos este filme. Foi também um privilégio, dez anos depois do meu primeiro contato com Angola, encontrar um país que se reconstrói à velocidade luz”, diz no site de divulgação do filme.

 

 

No Brasil, I love Kuduro teve sessões, em setembro de 2013, no Cine Sesc de São Paulo, no Cine Santander Cultura, em Porto Alegre e no Festival Internacional de Cinema da Fronteira, em Santa Thereza Bagé, no Rio Grande do Sul.