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Gana

Nubuke Foundation, o novo amanhecer da arte
por AFREAKA

 

 

Em Ewe, uma das línguas oficiais de Gana, ‘nubuke’ significa ‘novo amanhecer’. O nome faz jus aos objetivos da Nubuke Foundation, que está unindo forças para criar uma nova era no meio cultural do país. Os fundadores da organização, cansados de verem sua história e arte contadas apenas por olhares estrangeiros, construíram um centro cultural onde as práticas artísticas possam ser representadas segundo o ponto de vista local. Incentivando jovens a inovarem e procurarem por ferramentas inéditas, a iniciativa evidencia com orgulho a cultura da própria da nação.

 

 

 

 

“Achamos importante que nós ensinássemos a história do nosso país pela nossa própria perspectiva. Se um caçador mata um leão, de quem é a história? É de quem a conta, certo? São diferentes pontos de vista. Aqui de quem é a história? De quem é a cultura? De quem é a arte? É nossa! Se podemos falar sobre ela, porque outros é que o fazem? Todos devem contar a sua própria história. Se falarem de você, aí é um bônus, mas você tem que falar de você mesmo. Se não, o tempo passa e nada será feito. É tempo perdido e é história perdida”, exalta Odile Tevie, a diretora da iniciativa.

 

 

 

 

Para difundir o conceito, a ideia dos organizadores é fazer da Nubuke Foundation um espaço de conexões onde artistas, criadores e interessados do meio cultural possam circular e se multiplicar. Hoje na sede da associação são abrigadas exibições, residências artísticas, conversas, seminários, workshops, seções de leituras, shows de poesia falada, concertos, além de programas externos que se encaixem na perspectiva proposta. Para Tevie, fomentar esse espaço é um meio de dar oportunidade para o crescimento do artista, e para duplicar ideias e criar novos cenários no mundo cultural.

 

 

 

 

Entre as últimas ações do centro, estão inclusas uma mostra que une a arte de barro e as novas técnicas de esculturas, uma mostra que propõe o encontro entre videoarte e fotografia e uma exposição de artes plásticas com utilização de materiais inusitados para substituição das tintas como fios de tecelagem, panos e materiais naturais. Segunda Tevie, os artistas de Gana estão em um momento de experimentação de performances e de cruzamento de ideias. Muitos saíram dos desenhos ou da pintura e agora querem misturar suas artes de base, não se restringindo a apenas um meio ou a uma tela.

 

 

 

 

A diretora, que trabalha, sobretudo, com jovens, tem vivenciado de perto a transformação das gerações, e analisa: “Hoje, os jovens de Gana e da África estão totalmente ligados. O que os jovens entre 15 e 20 anos estão fazendo no Brasil ou nos Estados Unidos ou na China, eles também estão fazendo aqui. Teclando no Facebook e Twitter, ou pilhados na Internet… As imagens e o fluxo de informação são os mesmos. Você fecha o olho e está conversando com um contemporâneo do outro lado do mundo. Neste momento, para essa nova geração, as barreiras não estão lá. Eles não veem mais fronteiras. Não acho que fronteiras serão necessárias em 20, 30 anos. Para que ter uma fronteira física? Os jovens estão se comunicando de qualquer jeito e mostrando ao mundo como é que ele deveria se mover”. E como já dizia o nome: Nubuke, por uma nova era.