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Nigéria

Nigéria, Música e futebol
por Rapha Cruz



Fotos: Divulgação

 

 

Um país com quase duzentos milhões de habitantes, com uma vasta diversidade de dialetos e uma nação apaixonada por futebol e música. Assim se apresenta a Nigéria. Um povo festivo e um país exuberante que veio conhecer o futebol em 1902 através dos ingleses. O futebol e a música como duas idolatrias sempre estiveram ligados às tradições nigerianas.

 

 


Foto: Fela Kuti

 

 

No caso da música a herança cultural nos é apresentada através de grupos ou movimentos culturais significativos como o caso do afrobeat, um genêro nigeriano que mistura uma série de ritmos entre eles: waka,juju, jazz, funk americano, entre outros, oriundos da década de 60. Assim como o brasileiro tem no sangue o samba não seria pretensão falar que esses são os ritmos que correm nas veias do povo nigeriano.

 

 


Foto: Sean Kuti

 

 

Neste tempo o esporte não tinha uma organização local e eram poucas as vezes que o time de futebol profissional que representava a nação tinha êxito. Entretanto a paixão crescia e se espalha e assim como a música chegava de forma veloz às periferias nigerianas. Em pouco tempo, deixou ser apenas popular, mas passou a ser o esporte mais praticado na Nigéria.

 

 


Foto: Femi Kuti

 

 

Paixão que refletiu no desempenho da seleção de nacional, que veio ganhar o primeiro título do país nos jogos pan-africanos em 1973. Coincidência ou não nesta época o afrobeat já se espalhava pelo planeta e neste mesmo ano Fela Kuti lançou seu trabalho chamado Afrodisiac. Outro cantor de destaque na época foi King Sunnny Ade, que no ano seguinte lançou  E Kilo F’omo Ode pelo sela gravadora  Sunny Alade.

 

 

 

 

 

 

A cena segue e música e futebol correm juntos para África e para o mundo. Em 1980, o país conquistou o primeiro título continental africano, um ano antes Fela Kuti, então principal e polêmico músico do país, lançou seu álbum Coffin for Head of State pela Barclay Records. Numa pegada de um groove ritmado com lembranças de um funk americano, Fela ecoa aos ouvidos do mundo.

 

 

 

 

Nessa relação dialética, o time de futebol passou alguns anos sem ganhar nada. Mas em 1990, a fúria volta e a seleção conquista a taça da Copa CEDEAO, campeonato da África Ocidental. No âmbito sonoro, nesta década a Nigéria se contagiou pelo juju e waka de Dr. Orlando Owoh & his African Kenneries com a música Money Palaver. Já Fela na ocasião distribuiu petardos de alto nível e numa levada simultaneamente apaziguadora e violenta lança no mesmo ano Confusion Break Bones e Just Like That gravado pelo selo Kalakuta.

 

 



Foto: King Sunny

 

 

Acrescentamos neste time musical de peso o lendário Tonny Allen que influenciado pela época vem com o trabalho Afrobeat Express, se destacando com as artimanhas eletrônicas e com as músicas Miss Jealosey e Olokum. Com eles a música ganhou contornos e assim como futebol ficou mais global, dinâmico e alegre.  Com uma série de influências, os artistas surgiram naquela década com bases de jazz e pitadas de eletrônico, com destaque para Sade e seu apaixonante álbum Love Deluxe.

 

 

 

 

 

 

Se na década de 90 o time de músicos era de primeira linha, nos campos os atletas representavam o país com um futebol de atrevimento, criatividade e força, figurando o sorriso dos nigerianos. Fora da categoria principal, a Nigéria obteve suas maiores glórias, sendo tricampeã sub-17. Com jogadores versáteis e alegres, que encantavam com suas comemorações ao ritmo das danças típicas afro-nigerianas, a equipe profissional ganha destaque no cenário mundial. E aqui lembramos o carisma dos jogadores como: Yekini, Kanu, Okosha,Adepoju, Taribo West e Tijani Babanjida.

 

Foi nesse ritmo, que em 1994 se classificaram para a segunda fase da Copa nos Estados Unidos, fato inédito na história do esporte nigeriano. Ali, os atletas encantaram o mundo com um futebol envolvente e de tremenda astúcia. A mesma geração ganhou a Copa das Nações Africanas em 1994 e a Copa das Nações Afro-Asiáticas em 1995. Frenético e movidos de uma admirável energia, nos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996, o time solto e jovem, com um ritmo feroz atropelam os francos favoritos a medalha olímpica e levam o ouro inédito.

 

 

 

 

Um pouco apagada, a seleção passou por um período de seca depois dessa fase, que só foi acabar em 2013, levando para casa um título de grande expressão, a Copa da África. Entretanto, os grandes jogadores, como os grandes músicos, atuavam fora do país. Hoje, a maioria da seleção joga em solos europeus, fator determinante para um grande número de nigerianos no país torcerem e se identificarem com times de Espanha, Itália e principalmente Inglaterra.

 

 

Neste período de incômodo no esporte, não se pode dizer o mesmo em termos sonoros. A música nigeriana estava espalhada pelo mundo. Não apenas Femi Kuti, mas nomes como Asa e Nkenka dão destaque para a Nigéria no Mundo.

 

 


Foto: Asa

 

No Brasil, eles encararam a França nas oitavas de final. Não deu, mas o jogo foi surpreendente e com muita raça. Os africanos mostraram que viera para ser protagonistas e não meros coadjuvantes. Obi Mikel, Musa e Moses suaram a camisa e foram os grandes destaques da partida. No ano da Copa do Brasil, em que a Nigéria mostrou suas garras, na sonoridade a surpresa ficou por conta do filho do mestre Fela Kuti, Sean Kuti e sua Banda Egypt 80, que apresenta um trabalho estético de qualidade e grande virtuosidade: A long Way to Beginning.

 

 

 

 

 

O boom da exportação da música e de ótimos atletas é um do contínuo crescimento socioeconômico do país, que faz da Nigéria uma realidade. Floresce uma nação com planos de se tornar nos próximos cinquenta anos uma potência mundial. Uma nação onde futebol e música são motivos de paixão e amor, em uma constante relação, se cruzando, se mesclando e se envolvendo. Criando juntos uma sintonia que faz parte do cotidiano nigeriano, em uma parceria fluida e profunda, se movendo como ideais de vida de um país vibrante e apaixonado.