width="62" height="65" border="0" /> width="75" height="65" border="0" /> width="75" height="65" border="0"/> /> /> /> />
Brasil / África

A literatura para entender e explicar o mundo – recontos de Rogério Andrade Barbosa
por Fabiana Medeiros

 

 

Entender e explicar o mundo e tudo o que nele existe é necessidade inata do ser humano. Ela perpassa todas as culturas e encontra na literatura um suporte fundamental, pois é nos contos, mitos e lendas – primordialmente orais, mas que são recontados na voz de quem se dispõe a escrevê-los – que os medos, os costumes, as crenças, as perguntas (muitas ainda sem resposta) e as explicações para a existência de tudo são repassados de uma geração a outra.

 

 

O escritor brasileiro Rogério Andrade Barbosa é um dos mais ligados a narrativas de origem africana. Professor de Português, passou um período na Guiné Bissau,  onde lecionou o idioma e teve contato com a rica tradição oral local. Voltando ao Brasil, continuou pesquisando sobre o assunto e começou a escrever os recontos de tudo o que ouviu no continente africano. Aliás, suas viagens à África não param e continuam rendendo livros, muitos deles premiados.

 

 

 

 

Em seu livro Histórias africanas para contar e recontar, Rogério nos apresenta seis recontos que falam sobre animais, apresentando os porquês de eles terem determinadas características, sejam elas físicas ou comportamentais. É a tradição popular africana tentando explicar a natureza, fazendo proposições que passam longe da ciência. São os griôs contando as histórias de um povo para todos os povos que queiram conhecê-las.

 

 

O próprio autor, também um griô, convida os leitores a recontarem após lerem seus (re)contos: “Aprecie os contos que explicam a origem do comportamento de determinados habitantes da floresta. Depois, leia em voz alta e tente reproduzir o andar e os diálogos travados pelos incríveis personagens. Afinal, as histórias, principalmente na África, foram feitas para serem contadas e recontadas.”

 

 

 

 

Nas narrativas que compõem este livro, é possível conhecer: a forma como o cachorro se aproximou dos homens e se tornou seu melhor amigo (tudo devido a uma mulher/mãe que soube dividir o prato do filho com o cão que apareceu na aldeia); o porquê de o camaleão mudar de cor (história que começa com o camaleão e a lebre acompanhando os humanos a uma feira e pegando os tecidos coloridos que eles derrubavam pelo caminho); o motivo de o morcego só voar à noite (numa disputa animal, ele não soube em que time entrar e acabou sendo rechaçado pelas duas equipes, o que o obrigou a se esconder durante a maior parte do tempo); o porquê de o porco viver no chiqueiro (ele e o javali, seu primo, viviam juntos, mas chegou o dia em que  o porco decidiu ir à aldeia dos homens para conhecê-la); como a zebra se tornou toda listrada (os animais decidiram que precisavam de um chefe e discutiam a forma como ele seria escolhido, quando a zebra e o burro decidiram ficar mais bonitos para concorrer melhor) e  por que a girafa não tem voz (exibida ao extremo, a girafa irritava todos os outros animais, que decidiram encontrar uma forma de torná-la mais “simplesinha”).

 

 

 

Rogério Andrade Barbosa

 

Se a ciência nos dá respostas lógicas para todas as perguntas, a literatura – oral e escrita – as dá fantasiosas, alimentando sempre a nossa imaginação e tornando o tesouro cultural de todos os povos tão rico e vasto.

 

Histórias africanas para contar e recontar

Texto: Rogério Andrade Barbosa

Ilustrações: Graça Lima

Editora do Brasil

 

 

Sobre este livro: Altamente Recomendável – categoria Reconto (FNLIJ – 2001). Catálogo da Feira de Bolonha FNLIJ (2002).  Incluído no acervo PNBE (2006).

 

 

Fabiana da Cunha Medeiros é professora de Português e há anos se dedica à área de literatura infanto-juvenil. Mensalmente, apresentará aqui no Afreaka resenhas de livros com temática afro-brasileira.

 

 

Contatos: fabiana_cunham@yahoo.com.br ou www.facebook.com.br/brincadeirasliterarias