Normalmente usado por páginas de humor os GIFs são uma das ferramentas oferecidas pela internet mais apreciadas por seus usuários. Quando se trata desse tipo de animação tudo é assunto: política, esportes, televisão, moda, entre outros. Nos últimos tempos o recurso ganhou um novo significado e foi adotado por ativistas, fotógrafos e jornalistas que têm como objetivo quebrar estereótipos e passar a informação adiante usando uma linguagem descolada e engraçada. Inserido nesse contexto está o trabalho do fotógrafo François Beaurain, que com o projeto “Monrovia” registra a cidade capital da Libéria por uma outra perspectiva, longe dos rótulos dados pelo Ocidente de que o país do Oeste africano se resume a guerra civil, ditadores ou Ebola.
O projeto surgiu a partir dos meses em que François passou trabalhando na capital e se deparou com uma perspectiva inteiramente diferente da presente no discurso de líderes e da mídia ocidental. O cenário continha crianças estudando e brincando nas ruas, adultos indo e voltando para o trabalho, artistas produzindo suas músicas, enfim, pessoas comuns vivendo sua vida cotidiana. “Quanto mais eu fotografava, mais pessoas eu conhecia e mais eu entendia sobre a Libéria e os liberianos”, explica em entrevista ao portal Hyperallergic.
Empolgado com o que viu, o fotógrafo francês resolveu registrar estes momentos em forma de GIFs, o que resultou no Monrovia Animated (Monrovia Animada), projeto que abusa das cores, sorrisos e detalhes para dar espaço ao protagonismo africano e revelar a cidade a partir de seus detalhes, estes que muitas vezes passam sem serem notados.
O Afreaka preparou uma lista com os GIFs mais interessantes da coleção e que dão aos leitores uma ideia concreta do que é a vida diária em Monrovia. Confira a seguir:
Wesseh Freeman é um músico cego de Monrovia que vive e estuda no mercado de Duala. Autodidata, o jovem construiu uma guitarra com o uso de uma lata de óleo. Sua música fala da guerra, da história da Libéria e de sua própria vida.
Hipco é um cantor de hip-hop que apresenta canções em inglês e liberiano. O artista é um dos muitos que integram a cena de hip-hop da Libéria.
Em uma economia onde o dólar norte-americano e o dólar da Líberia convivem, trocar dinheiro é um dos negócios mais comuns no país.
A capital liberiana é lar de diversas igrejas evangélicas e a abertura de novos pontos é um negócio que só cresce no país. A foto foi tirada na igreja de Cristópolis, antigo nome da capital Monrovia.
A usina hidrelétrica foi construída em 1966 para abastecer Monrovia, contudo anos anos 1990 o espaço foi abandonado e destruído. Agora reabilitação o local deve retomar suas atividades ainda este ano.
O Hotel Ducor foi erguido em uma colina que outrora esteve cercada por florestas. Em função da falta de controle do crescimento populacional a região sofre com severas erosões, que na temporada de chuvas, se transformam em cachoeiras.
Assim como em diversas partes do mundo, Monrovia recebe uma quantidade considerável de novas igrejas. Com a competição cada vez mais acirrada, as igrejas precisam achar meios de chamar a atenção do público. A colagem de cartazes é uma prática comum e adotada por muitas delas.
Enquanto a presença de produtos chineses se torna mais comum, as inúmeras lojas dos mercados de Monrovia seguem vendendo tecidos usados na confecção de roupas tradicionais.
Aumentou e muito o número de casas escondidas atrás de muros de mais de três metros de altura na Libéria. O curioso é que muitos destas fortalezas possuem mais seguranças do que pessoas a serem protegidas.
O pôr do sol.
Fonte: Hyper Allergic