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Zimbábue

Kudzanai Chiurai e a geração Born-free
por Newman Costa

 

 

Parte do território situado ao sul da África foi tomada por ingleses no final do século XIX e oficializado em 1953 como Federação da África Central, subdividida em Rodésia do Norte, Niassalândia e Rodésia do Sul. Dez anos depois, a Niassalândia tornou-se independente com o nome de Malawi, e a Rodésia do Norte com a designação de Zâmbia. A independência da Rodésia do Sul viria somente em 1980, quando a maioria negra que havia conquistado o direito ao voto elegeu o candidato Robert Mugabe como líder da nação, que então seria conhecida como Zimbábue.

 

 

 

 

Born-free é o termo associado a pessoas nascidas após a independência em 1980. Essa geração carrega a esperança da construção de um novo país, sem o estigma do domínio antes exercido pela minoria branca da Rodésia. É nesse período, um ano após a independência do país, que nasce o zimbabuense Kudzanai Chiurai, hoje um dos prodígios da arte contemporânea africana. Chiurai, que costumava pintar flores e paisagens, foi o primeiro aluno negro a se formar em Fine Arts na Universidade de Pretoria, África do Sul. Já nesse período, o ativismo começava a se refletir no seu trabalho. Apesar de não ter vivido os anos de Rodésia branca, o artista e sua geração não foram testemunhas das consequências da colonização como também de novas controversas na política, entre elas a reeleição do atual presidente Robert Mugabe em 1984, 1990, 1996 e 2002.

 

 

 

“Atenção! O consumo dessa bebida resultará em violência e depressão”

 

 

Neste contexto, Chiurai mergulha sua obra em críticas sociais e destaca-se com peças provocadores e sagazes. Durante a controversa e disputada eleição presidencial de 2008 entre Mugabe e o representante do partido de oposição ‘Movimento para a Mudança Democrática’, Morgan Tsvangirai, o artista achou sua forma de protesto contra a quinta reeleição do presidente, representando-o em sua obra com chifres e em chamas, uma clara alusão ao diabo. Vista por muitos como corajosa, não agradou à aristocracia Zimbabuense, que forçou-o a se retirar em auto exílio na África do Sul, onde hoje vive trabalhando em seu ateliê.

 

 

Além da criativa perspicácia destacada em seus trabalhos, Chiurai encontra na versatilidade um dom, a explorando em seu mais completo e premiado trabalho, de 2011, State of the Nation, uma instalação que combina pintura a óleo, impressão, fotografia, vídeo, instalação de som e performances com foco na juventude negra. A intenção é explorar a reconstrução de um continente justapondo passado e presente, o feio e o belo, conflitos e a esperança de um novo conceito de “estado Africano”.

 

 

 

 

Ainda, preocupado em tornar a arte acessível para a nova geração de africanos, em sua mais recente instalação, Conflict Revolutions, o artista sobrepõe fotografias digitais e cria pôsteres que revelam os problemas sociopolíticos causados pelos conflitos no continente africano. A série vem dialogar com esses jovens com quem, segundo ele, ninguém conversa. O artista é otimista e afirma que muitos jovens africanos estão começando a tomar consciência do poder que têm: “eles subestimam sua capacidade de serem participantes ativos em uma mudança na direção da política. Alguns estão abrindo o olho agora e entendendo isto. Nós estamos numa posição onde podemos mudar ou contribuir. Nós estamos numa posição onde, como geração Born-free, não seremos esquecidos”.