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Brasil / África

Jongo: memória viva dos antepassados negros do Brasil
por Kauê Vieira

Fotos: Divulgação

 

 

Conhecido também como caxambu e corimá, o jongo é uma dança de origem africana e dançada ao som de tambores. Integrante da cultura afro-brasileira, o ritmo foi trazido ao Brasil por negros bantos, sequestrados para serem vendidos como escravos nos antigos reinos de Ndongo e do Kongo, região compreendida hoje por boa parte do território da República de Angola. A dança teve forte influência na formação do samba carioca e também na cultura popular do Brasil como um todo. Para o desenvolvimento da dança os pés são sempre descalços e as roupas são as comuns do cotidiano. Assim, um casal de cada vez vai ao centro da roda girando em sentido contrário ao do relógio, se aproximando de quando em quando e fazendo a menção de uma umbigada.

 

 

 

 

Com o fim da escravidão, os negros não receberam nada além da carta de alforria e com isso se viram obrigados a migrar para a maior cidade e então capital do Brasil, o Rio de Janeiro. Naquele tempo (meados do século 18), a capital fluminense já sofria um processo de “modernização”, que expulsou a população pobre do centro para o alto dos morros, formando assim as favelas, que ganhariam corpo ao longo dos séculos seguintes.

 

 

 

 

Mesmo com essa mudança radical, as famílias de negros continuavam praticando o jongo em locais como os morros de São Carlos, Salgueiro, Mangueira e, especialmente na Serrinha, este último, um dos únicos locais capazes de preservar a cultura afro-brasileira tradicional. Não é à toa, que é na capital carioca, onde hoje se encontra um dos principais grupos de praticantes do ritmo, o Jongo da Serrinha.

 

 

 

 

O grupo cultural foi criado pelo Mestre Darcy Monteiro e sua família, que convidaram as antigas jongueiras Vovó Teresa, Djanira, Tia Maria da Grota e Tia Eulália para formar o conjunto artístico Jongo da Serrinha. Eles também quebraram um tabu importante que não permitia a participação de crianças no jongo. Ao longo dos anos, a iniciativa cresceu, ganhou corpo e se tornou uma espécie de resistência da cultura negra e de seus antepassados no Rio de Janeiro.

 

 

 

 

O Jongo da Serrinha nasce com o intuito de pesquisar, criar produtos culturais (livros, espetáculos, filmes etc) e divulgar o jongo mundo afora. Criado no fim da década de 1960, é até hoje referência da cultura carioca tradicional. Um de seus discos mais marcantes é o trabalho homônimo, lançado em 2002. O álbum, que faz história se consagrando como o primeiro álbum de jongo lançado no Brasil, foi gravado ao vivo no quintal de Tia Maria do jongo, em Serrinha, em Madureira, bairro carioca.

 

 

 

 

Ao todo o disco possui 13 faixas, que exaltam o jongo e mostram ao público, por meio das músicas, como era a vida dos escravos, quais eram seus sentimentos diante de situações como o fim do período de escravidão e a resistência do quilombo de Zumbi dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, em Alagoas.

 

 

 

 

Para saber mais, visite também a página oficial do Jongo da Serrinha: http://jongodaserrinha.org/

 

 

Canção Vapor da Paraíba: