Foufoumix (Foto: Divulgação)

Em busca de escrever sua própria história, a África vem se destacando por usar todas as ferramentas tecnológicas existentes para elevar a qualidade de vida de sua população, seja ela rural, urbana ou parte de alguma comunidade tradicional. Os exemplos são os mais variados, como o M-Pesa, sistema que viabiliza o pagamento de compras por meio do telefone celular ou o Cardiopad, desenvolvido por Marc Artgur Zang Adzaba e que permite e realização de exames cardíacos via tablet.

Além de transformar a vida das pessoas, tais invenções são fundamentais no processo de apropriação, por parte da África, de seu próprio destino. Isso se deve ao fato de que a maioria das cabeças pensantes por trás destas inovações vem do próprio continente africano e não do exterior. A última novidade no mercado é a criação do engenheiro eletrônico togolês Logou Minsob, que inventou uma máquina com potencial para alterar o cotidiano de muitos africanos, pois simplifica a produção de um dos alimentos mais consumidos em todo o continente.

Conhecido por foufou no Togo, o prato lembra nosso angu, porém é feito de farinha branca, ou à base de milho, mandioca e inhame. Preparado por homens e mulheres, foufou é trabalhoso e exige certo empenho físico, desde o momento que o milho passa pelo pilão, até o preparo da massa na panela ou caldeirão, além disso é necessário conhecer a técnica adequada para deixá-lo no ponto: nem empapado, nem seco demais, o que é quase impossível para um novato. A receita exata, consistência e o próprio nome do prato variam muito de país para país, mas a iguaria está presente em grande parte do continente africano. Em Moçambique, por exemplo, ela é conhecida como como xima, já pap é o termo usado na África do Sul e fungi em Angola. Segundo o inventor da novidade, Logou, “o foufou tem uma peculiaridade, não é apenas pegajoso mas também tem uma certa consistência, uma viscosidade que para ser alcançada, é necessário saber como bater o foufou”.

Para os novatos, Logou explica o funcionamento do produto: “a máquina é muito simples de ser usada. Você cozinha o inhame como de costume e ao invés de colocá-lo em um pilão, você coloca na máquina. Daí é só iniciar e em dois minutos seu foufou está pronto. Eu concebi uma máquina que consegue moldar inhame e foi a partir dela que eu me juntei a um torneiro para concretizar a ideia. Nós obtivemos um resultado que não era o melhor, mas com o passar dos anos, atingi o resultado que é perfeito,” encerra.

Primeira invenção de Logou Minsob, o Foufoumix está concorrendo ao Prize of Inovation for Africa (Prêmio de Inovação pela África) e por precisar apenas de oito minutos para deixar o alimento pronto e em condições práticas, promete acabar de vez com as dificuldades durante o processo. Apesar de relativamente caro (entre 1300 e 1700 reais), o produto tem sido bem aceito pelo público e de acordo com o site Africa Top Success, o valor considerado alto se deve ao fato de Logou ser proprietário solitário da Logou Concept Togo (LCT), e segundo o próprio, a baixa capacidade produtiva de suas unidades também inviabiliza o recuo do preço final.

Logou Minsob, o criador do Foufoumix (Foto: Divulgação)

Tele Irrigação Hortícola

De Niamey, capital do Níger, vem outra invenção interessante. Cientista de computação e articulador social, Maman Abdou Kané viabilizou um sistema de Tele Irrigação Hortícola (tradução livre). Trata-se de um complexo que diminui a distância entre a tecnologia móvel e os agricultores, possibilitando assim um controle das máquinas de irrigação de suas terras a partir de qualquer localidade. Para experimentar a novidade basta ter em mãos um celular e pronto, o produtor tem acesso a um universo de informações em tempo real sobre meteorologia, hidrologia, temperatura, umidade, precipitação, irradiação solar e velocidade dos ventos. Vale dizer que além de um celular, o Tele Irrigação Hortícola necessita de uma unidade que contenha um sistema de produção de energia e outro de drenagem e irrigação, ambos instalados no campo a ser irrigado. O custo final desta unidade fica em torno de 5.880 dólares.

Para ativar a irrigação, o usuário faz uma chamada pelo número 142, a ligação é roteada para o servidor Orange Niger (o braço local da France Telecom-Orange, uma das principais operadoras de telecomunicações do mundo), instalado na sede da Tech-Innov e direcionada para a conta do usuário na base de dados da Tech-Innov. O usuário é identificado, e a conexão é realizada para a unidade do campo a ser irrigado. O sistema de irrigação é disparado em menos de um minuto e existe a opção de programar a quantidade de tempo que o período de irrigação terá. O custo por ligação fica em torno de 42 centavos de dólar.

Maman Abdou Kané (Foto: Divulgação)

A abundância de luz solar e de mão de obra agrícola disponível, combinadas com o rápido desenvolvimento da tecnologia da informação e disseminação do telefone celular, torna possível a criação e implementação de soluções para o problema da segurança alimentar. A invenção de Kané também está entre as 10 invenções que concorrem ao Prize of Innovation for Africa.

Iniciativas como estas ilustram a importância do fomento e incentivo a produção e criação endógenas da África, continente que contribui cada vez mais na formação de novos cientistas e pesquisadores. A valorização da produção interna traz, assim, à tona um debate sobre a eficácia dos projetos locais ante projetos estrangeiros, uma vez que o primeiro atende de forma mais ampla e com maior profundidade de conhecimento os verdadeiros anseios da comunidade africana, atendendo minuciosamente as necessidades de cada região.

Foto: Divulgação

Para saber mais:

Ficou curioso e deseja conhecer ainda mais o Foufoumix? Visite o site oficial Logou Minsob: http://www.foufoumix.net/

Os interessados em outras informações acerca do Tele Irrigação Hortícola, criação de Maman Abdou Kané, podem também procurar pela página oficial: http://www.tele-irrigation.net/