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Namíbia

Hipsters da Namíbia: juventude lança tendência sem perder identidade
por Kauê Vieira


 
A ideia dos estilistas é recuperar o que já foi esquecido. A moda une passado e presente e mantém viva a identidade africana. 

 

 

Estilo consolidado bastante conhecido entre os moderninhos no Brasil e no mundo, a cultura hipster está bombando na África. É cada vez maior o número de jovens, que preocupados em criar uma identidade, desfilam pelas ruas com suas roupas descoladas. Sempre em grupo, eles são vistos em cafés, lendo livros, acompanhados de uma boa música e claro, do telefone celular. Se a palavra hipster é o rótulo dado para um grupo de pessoas pertencentes a um contexto social subcultural da classe urbana e é marcado pela música independente e uma forte tendência a fugir do comum, é exatamente neste espaço que se encaixa a juventude da Namíbia.

 

 

Mesmo que tardiamente, o fenômeno, já popular em cidades como Joanesburgo, na África do Sul, chegou com toda a força no país e é encabeçado por nomes de peso, como o estilista Loux the Vintage Guru, apontado por muitos especialistas como um dos responsáveis pela criação de uma nova identidade africana. Conhecido por privilegiar peças retrô, que mesclam o clássico com o moderno, Loux tem um trabalho marcado pelo cuidado com os detalhes e a vontade de resgatar elementos que outrora protagonizaram guarda-roupas, como por exemplo o suspensório, considerado por ele, um verdadeiro ícone.

 

 

A moda dos hipsters da Namíbia se destaca pela inspiração em peças usadas nos anos 1950 e 1960, com ressalto para os ternos de dois ou três botões, sapatos de bico fino, relógios de bolso, coletes e calças apertadas. Apesar das roupas serem inspiradas na cultura ocidental, Loux, em entrevista ao portal This is Africa, explica que não deixa de lado elementos da vida cotidiana da Namíbia. “Sim, as peças são do Ocidente, mas eu as uso com o intuito de passar ao resto do mundo o poder de criatividade da África”, explica.

 

 


 
As cores presentes na nova tendência. Cheios de estilo, os ternos se inspiram no século passado.

 

 

Segundo o estilista, historicamente, quando se pensa no modo de vestir dos africanos, a imagem estereótipo são as roupas de estilo rural ou a identidade étnica. Contudo e ao contrário do que diz o senso comum, a África é um continente antenado e descolado e que cada vez mais se mostra em sintonia com as novidades da vida moderna dos grandes centros do planeta. Cidades como Lagos, na Nigéria, estão no mapa internacional da moda e estilistas locais exercem forte influência nas tendências internacionais, como Buki Aklb, Wale Oyejide e o próprio Loux.

 

 

O interesse pela moda do artista namibiano, que hoje é considerado uma das principais referências na indústria fashion do país, surgiu em sua infância, com o hábito de sua mãe de vestir os filhos com ternos. O gosto da mãe foi um gatilho para a paixão pela indumentária vintage. Hoje, sua ideia não é apenas criar roupas, mas sim contar história por meio de seus trabalhos, celebrando as mais diversas culturas do sul da África. Para o artista, os Zulus, Vendas, Xhosas, da África do Sul e os Oshiwambo, Otjigerero, Damaras, na Namíbia e a moda são integrados. Afinal, sem a ancestralidade, tão importante para os africanos, o estilo hipster namibiano não estaria completo.

 

 


 
Suspensórios e boinas estão de volta com toda a força. 

 

 

Aos interessados, Loux, ao lado de estilistas sul-africanos, mantém um site com dicas e sugestões para os que desejam embarcar nessa onda hipster que vem dando o que falar: http://khumbula.wordpress.com/

 

 

*fotos de Harness Hamese e Lukas Amakali