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Colômbia

A Herança Africana no Festival de Cáli
por Silvia Murad

 

Lillyan Rosero, criadora do “Día del Pacífico” (Foto: Jorge Idárraga)

 

 

- Somos Pacífico!

 

 

Tal exclamação, dirigida ao público entre um show e outro de música afrocolombiana e respondida de modo intenso pela plateia, deu o tom à XXI edição do “Día del Pacífico”, ocorrido em 26 e 27 de dezembro de 2015.  Trata-se de uma festa intercultural, uma das atrações do Festival de Cáli, que celebra as ricas e variadas expressões culturais do Pacífico colombiano.

 

 

 

Eryen Korath Ortiz Garces (esq.), que com apenas 16 anos foi coroada a rainha do XXI “Día del Pacífico” por sua voz e maestria em tocar a marimba e Neila Preciado, estilista (dir.) (Fotos: Jorge Idárraga)

 

 

Lillyan Rosero, cantora, compositora, educadora e criadora da Fundação cultural “Raices Negras”, tomou a iniciativa de conceber este evento há vinte e dois anos. Até então não havia dentro do Festival de Cáli, – evento muito tradicional e que está em sua 57ª edição -, um espaço específico que retratasse a cultura do povo afrocolombiano. Santiago de Cáli, carinhosamente apelidada de “capital da alegria” e “sucursal do céu”, é a cidade com maior população de afrodescendentes na Colômbia e a terceira na América Latina, daí a importância do resgate e do fortalecimento da identidade desse povo.

 

 

 

Son Balanta, grupo musical de Santander de Quilichao (Foto: Jorge Idárraga)

 

 

A dificuldade para captar recursos para a realização do evento não abalou a paixão que moveu Lillyan Rosero a criar o “Día del Pacífico”. O evento foi tomando força a cada ano e hoje, com a colaboração da comunidade e o imenso sucesso de público, ganhou um dia a mais e é um espaço aberto para divulgação da gastronomia, artesanato, dança, literatura, moda e música tradicional do povo afrocolombiano de Cáli, Buenaventura, Chocó, Timbiqui, Guapi, Bahía Solano, Puerto Tejada, Santander de Quilichao e de todo o litoral do Pacífico colombiano.

 

 

 

(Foto: Jorge Idárraga)

 

 

Na música, os cantores soltam as vozes para acompanhar os tambores e os instrumentos de percussão, que são os grandes protagonistas dos ritmos tradicionais como o currulao, bullerengue, puya, os cantos de lumbalú e outros. É por meio da família que as crianças conhecem os ritmos, aprendem a cantar e a tocar os instrumentos. O som das marimbas, instrumento base da música do Pacífico colombiano, herança viva da África, é um show à parte. Em todas as comunidades afrocolombianas do Pacífico, a música e os instrumentos típicos são utilizados tanto em contextos festivos como religiosos. Há um sincretismo claro entre a herança africana e o catolicismo.

 

 

 

(Fotos: Jorge Idárraga)

 

 

Também há espaço para o rap, influência americana, verdadeira fusão entre o legado africano e o cotidiano urbano. Tudo isso é regado a comidas e bebidas típicas deliciosas, dentre as quais se destacam o tamal colombiano, prato a base milho e recheado com carnes, legumes e especiarias, embalado numa folha de bananeira, e a “crema de viche”, o elixir do litoral pacífico, bebida a base de “viche” (fermento de cana de açúcar destilado em alambique), ovos de codorna, vinho branco, leite e ervas aromáticas.

 

 

 

(Fotos: Jorge Idárraga)

 

 

Outro ponto interessante do “Día del Pacífico” é a montagem de uma tenda com exposição de fotos de várias personalidades negras, do brasileiro Pelé ao cantor de Buenaventura Petronio Álvarez. O “Día del Pacífico” não é apenas uma festa, representa a afirmação de uma identidade. É o legado cultural africano que está vivo no coração do povo colombiano.