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Zimbábue

Futebol feminino contra o estigma do HIV
por Nathalia Marangoni

 

Arv Swallows (Foto: Joanna Stavropoulou/MSF)

 

 

É muito comum ouvir que pessoas diagnosticadas com o vírus do HIV vivem nos limites, como um time de futebol dependendo de um gol aos 45 minutos do segundo tempo. No Zimbábue, país em que, segundo a UNAIDS, pelo menos 1,4 milhões de pessoas é soropositivo, um coletivo de mulheres tem mostrado, por meio do esporte, que essa crença não é verdadeira.

 

 

Batizado com o nome de um famoso remédio antirretroviral utilizado no controle da doença, o Arv Swallows é um time de futebol feminino fundado em 2009 no distrito de Epworth, que dá um show de bola por onde passa por sua resistência e engajamento. Fortes e saudáveis, as jogadoras costumam conversar com a torcida antes dos jogos, para contar como é vida de uma pessoa soropositiva e alertar sobre importância de se prevenir, enquanto preservativos são distribuídos para a audiência.

 

 

Ao final dos jogos, elas caminham paras suas clínicas cantando hinos triunfantes para motivar outros pacientes. “Embora tenhamos o vírus do HIV, nós não somos vítimas dele”, afirma a capitã do time, Annafield Phiri. O time já venceu três torneios locais e, em 2010, atraiu a atenção do mundo em um campeonato realizado em Johanesburgo. Enquanto a bola rolava nos principais estádios da África durante a Copa do Mundo da FIFA, o Arv Swallows entrava em campo como favorito do ‘Halftime No Time to Quit’, torneio de futebol alternativo promovido pela organização Médicos Sem Fronteiras realizado como forma de protesto contra as reduções nos investimentos realizados por países doadores a projetos relacionados ao HIV.

 

 

 

Arv Swallows (Foto: Divulgação)

 

 

O campeonato reuniu times compostos por jogadores soropositivos de toda a região sul da África. Apesar de ser considerado o time de preferência na competição, o Arv Swallows viu a taça ser levantada por seus conterrâneos do OI Bombers, Opportunistic Infection Bombers. Mesmo sem trazer o título para casa, as meninas consideraram a participação no torneio como um sonho realizado, já que nunca haviam jogado fora de Zimbábue.

 

 

Para a jogadora do time, Janet Mpalume, o Arv Swallows já é campeão na luta contra a pandemia. Diagnosticada com o vírus em 2007, ela conta que depois de anunciar que era soropositiva para sua comunidade, muitas pessoas não queriam beber no mesmo copo que ela ou tocar em nada que ela havia usado. “Foi doloroso para mim, mas por meio do futebol nós conseguimos suavizar isso. Agora em Epworth, quando estou bebendo uma bebida efervescente, as pessoas correm para dividi-la comigo”, conta com bom humor.

 

 

Ela estrelou com suas companheiras de time o “The Positive Ladies Soccer Club”, documentário patrocinado pela Médicos Sem Fronteiras que acompanha a vida de quatro jogadoras em suas rotinas diárias: suas visitas à clínica, à igreja, aos treinos e aos jogos. A diretora do documentário, Joanna Stavropoulou, se emociona ao lembrar-se da reação das pessoas na primeira exibição do filme em Epworth.

 

 

 

Poster do documentário (Foto: Mediciens Sans Frontieres)

 

 

“Fiquei com uma pontinha de ansiedade no começo da exibição. Mas já nos primeiros minutos, todo mundo estava gargalhando com os primeiros esforços das meninas jogando futebol, ou murmurando em assentimento as suas histórias de cortar o coração. Também batiam palmas e gritavam quando elas se classificaram para uma final de campeonato”, ela relembra.

 

 

Na Europa, a reação não foi diferente. “Pela primeira vez, um documentário não mostrava a África, as mulheres africanas e as mulheres soropositivas africanas como vítimas: as mostrava como as pessoas maravilhosas que são, as campeãs que elas se esforçavam para ser. As ‘positive ladies’ são minhas heroínas e é assim que eu espero que as pessoas se sintam depois de assistirem ao filme.”

 

 

Assista ao trailer do documentário abaixo: