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Moçambique

Diversidade linguística em Moçambique
por Bruna Menezes

 

 

Moçambique é um território marcado pela diversidade de línguas, possuindo oito idiomas diferentes considerados línguas nacionais, a maioria de origem autóctones, do grupo Bantu e outras oriundas do continente asiático. Após a independência de Moçambique, 1975, foi institucionalizado a língua portuguesa como oficial, o que significa que órgãos públicos e de ordem oficial teriam que fazer divulgações e noticias em língua portuguesa. Porém o país ainda passa por um processo de adaptação ao idioma uma vez que em 1975, 80% da população ainda não falava o idioma oficial.

 

 

A escolha da língua portuguesa teve como proposito a unidade nacional, uma maneira de uniformizar e facilitar a comunicação pelo país, uma vez que nenhuma das línguas bantu possui a maioria dos falantes da região. Entretanto para os que sempre tiveram um maior contato com a cultura nacional e com a língua materna torna-se um desafio o aprendizado da língua lusitana. Em termos geográficos, a população moçambicana que tem a língua portuguesa como materna concentra-se nos centros urbanos do país, já os falantes de língua bantu estão concentrados no campo. Nos últimos anos, o governo tem introduzido nas escolas letramento de línguas nacionais. A proposta é de que a língua bantu seja inserida no ensino nos primeiros anos escolares e posteriormente em outros níveis. O programa como modelo pedagógico gerou algumas discussões sobre seus possíveis resultados, mas hoje já está presente em mais de 300 escolas nacionais.

 

 

É importante lembrar que a o Português possui vertentes linguísticas diferentes, assumindo características próprias no português europeu, brasileiro, moçambicano e em outras nações que adotaram a língua. O português de Moçambique é único, tendo passado por um processo de identidade nacional ou nativização, influenciado por outras línguas nacionais. Um exemplo é o da influencia do idioma emakhuwa na pronuncia da palavra gato, que sofreu o seguinte fenômeno linguístico:
Ex. - gato [gatu]> [katu].

 

 

 

 

 

 

Outros exemplos podem ser encontrados na apropriação de termos, que criam neologismos semânticos:

Ex. mola, usada com o significado de dinheiro, como em «Estou sem mola».

 

 

Ou ainda na restruturação de frases:

Ex. O rapaz que ela gostava dele é moçambicano.
O exemplo usa o verbo «gostar de» e, seguindo o modelo europeu, a frase deveria ser:
Ex. O rapaz de que ela gostava é moçambicano.

 

 

A língua como elemento vivo se transforma no decorrer do tempo e do espaço e parte da população ainda possui uma determinada resistência ao idioma com o intuito da valorização dos idiomas nacionais, considerando o fato de aderir à língua portuguesa uma aceitação de um processo de colonialismo. Estudiosos também temem a sobrevivência das línguas bantu, apesar da constituição moçambicana garantir sua preservação e valorização, fato testemunhado no artigo: “O estado valoriza as línguas nacionais e promove o seu desenvolvimento e utilização como línguas veiculares e na educação dos cidadãos”.
Estabelecer um idioma como unidade nacional não tem apenas o foco de facilitar a comunicação, mas também envolvem objetivos vinculados a fatores culturais e políticos. Assim, o desafio de institucionalizar apenas um idioma em um território que tem como característica a diversidade linguística, acaba por desencadear o receio da perca da identidade cultural de um país.

 

 

Para saber mais
- http://www.verdade.co.mz/cultura/19505-portugues-falado-em-mocambique
- http://seis-sabamba.blogspot.com.br/2013/07/multilinguismo-mocambicano-e-o-papel-do.html

 

 

SITUAÇÃO DO PORTUGUÊS NO CONTEXTO MULTILINGUE DE MOÇAMBIQUE