Febre nos salões de beleza do país, a origem da henna tem uma raiz tradicional e marca um forte traço na cultura maliana. Originalmente, a henna, chamada de diabi no Mali, era utilizada apenas pelas mulheres mais velhas. Hoje, a mania se espalhou entre as jovens, que enfeitam mãos e pés para ocasiões especiais como batizados, casamentos e celebrações religiosas como o Tabasqui e a espera do Ramadan. Atualmente, são dois os tipos de henna utilizados. A primeira e mais moderna é a típica henna indiana, que é importada para o país. A segunda é henna tradicional maliana, feita com a planta diabisoun, também conhecida como planta do paraíso.
Para o seu preparo, normalmente feito por mulheres mais velhas, as senhoras colhem suas folhas e as deixam secando no sol para então preparar um pilado de ervas, que quando misturado com água cria um forte poder de adesão da cor extraída na pele. A pintura do diabi tradicional é feita em camadas e pode demorar mais que um dia. Para cada ação de tintura, as as mulheres enrolam um pano ou um saco plástico durante a noite, esperando a secagem do diabi que se dá por completo apenas no dia seguinte.
Além da função estética, acredita-se que o diabi exerce o papel de proteção frente à morte. Se uma mulher está enfeitada com a henna no momento de sua morte, ela estará blindada e irá para o céu, o que explica a relação original entre a prática e a idade e título recebido pela planta. Nas mãos, a arte é complexa, com flores, traços curvilíneos, tracejados, círculos ou motivos gráficos em xadrez. Nos pés, as pinturas podem ser chapadas, com a tinta cobrindo metade do membro, ou então sutis, com uma linha simples ou dupla que circunda o entorno do pé. A criatividade de cada desenho transforma a ocupação em arte. Seja pelos motivos estéticos ou tradicionais, a henna se firmou como parte intrínseca da identidade nacional.