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Espanha / África

Buika: A voz da liberdade
por Kauê Vieira


 
Escrevo para não odiar e canto para não enlouquecer. (Foto – Reprodução) 

 

 

Nascida em Palma de Mallorca, na Espanha, Concha Buika, filha de imigrantes africanos, conquistou o mundo com sua voz incisiva, carregada de espiritualidade e um repertório que promove um verdadeiro casamento entre África e América Latina. Com ascendência de Guiné Equatorial, um pequeno país do Oeste africano, ela só conheceu seu pai, um exilado político, aos 12 anos. A mãe, por sua vez, fazia parte de uma comunidade tradicional em Guiné, o que despertou em Buika o sentimento de orgulho de suas origens africanas e o respeito pelos ancestrais.

 

 


 
Buika já se apresentou algumas vezes no Brasil. (Foto -Reprodução)

 

 

A vontade de ser cantora é algo que acompanha a espanhola desde os primeiros momentos da infância. O interesse em cantar é fruto de sua insistente paixão por sonhar. No entanto, Buika lutou e muito para chegar onde está. Mesmo sem dominar completamente o inglês ela partiu para Las Vegas, nos Estados Unidos, onde participou de uma audição para interpretar Tina Turner. Intimidada com a concorrência, Buika encontrou forças para seguir lembrando de seu tempo de infância na Espanha, quando era a única criança negra e não se identificava com o padrão caucasiano de beleza dominante no país e, coincidência ou não, via em Tina Turner um conforto e inspiração para ultrapassar tais barreiras. Superando o medo, marcou presença e foi escolhida para o emprego.

 

 


 
Buika nasceu em Mallorca, na Espanha, mas suas origens vem de Guiné, na África. (Foto – Reprodução)

 

 

Tempos depois, no ano de 2000, Concha Buika debutou nas paradas oficialmente. A espanhola estreou com o álbum Mestizuo, que ao ser bem recebido por crítica e público, revelou para quem quisesse ver todo o talento desta mulher, que também é poeta, compositora e produtora musical. Hoje, já são quase 15 anos de carreira, tempo suficiente para Buika, uma mulher de pouco mais de 40 anos, ter seu trabalho reconhecido por todos, inclusive pelo prestigiado prêmio musical Grammy, que a condecorou como melhor disco latino, Niña de Fuego, lançado em 2008. Atualmente em turnê para divulgar seu mais recente trabalho, o disco La Noche Más Larga, a afro-espanhola acumula shows em cerca de 22 países, com destaque para suas apresentações no Brasil e África.

 

 


 
Ela se recusa a sintetizar sua obra e explica que esta singularidade vem das origens estabelecidas na África. (Foto – Reprodução)

 

 

Falar ou descrever sua sonoridade é uma tarefa das mais complicadas. Com mistura de ritmos latinos, flamenco, jazz, blues e influências africanas, Buika se recusa a sintetizar sua obra e explica que esta singularidade vem das origens estabelecidas na África, que também, segundo a mesma, foi responsável por sua afirmação como mulher e negra. Durante entrevista concedida para a BBC África, ela descreve: “Minha ascendência africana está no meu sangue, na minha pele, cabelo, em tudo. Sem ela eu não sei se seria possível cantar do jeito que canto e compreender a música da mesma forma”, declara.

 

 


 
Buika, que faz questão de exaltar a África (Foto – Javi Rojo) 

 

 

Com a maçã do rosto saliente, olhos amendoados e um sorriso, que somado ao pequeno espaço entre seus dentes tão brancos, fica ainda mais gracioso, Buika usa sua voz como uma ode à liberdade. Sua voz, grossa e singular, conquistou o coração dos bambas da música mundial e brindou o público com canções de interpretações ímpares como Mi Niña Lola e a releitura deliciosa do clássico Ne Me Quitte Pas. A história de Concha Buika é o exemplo perfeito da força das mulheres negras, que anônimas ou não, cultivam um sentimento em comum, o direito de sonhar. Que assim seja!

 

Confira aqui o clipe oficial do sucesso Mi Niña Lola: