A programação infantil é uma ferramenta de educação poderosa para inspirar meninos e meninas a se tornarem adultos conscientes de suas origens, da importância do respeito ao próximo, cientes dos conceitos de cidadania etc. Nesse sentido, o Brasil passa por algumas mudanças no setor e um dos marcos deste processo é a aprovação de uma medida criada pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente que proíbe a publicidade infantil. A resolução considera abusiva qualquer propaganda publicitária voltada aos pequenos, que segundo os autores, ainda não possuem a capacidade de diferenciar comercias da programação normal.
A nova lei caminha ao lado das TVs públicas, há algumas décadas consideradas as mais preocupadas com a qualidade das atrações. É o caso da TV Brasil e da TV Cultura, ambas com a grade de programação formada majoritariamente por desenhos e séries que discutem de forma lúdica e descontraída matemática, cidadania e a história do Brasil. Entretanto, ainda são poucos os programas protagonizados por personagens negros ou que ensinem sobre a história do continente africano. Uma das exceções é Guilhermina e Calendário, veiculado na TV Brasil e que apresenta a rotina de uma família negra brasileira.
Para aumentar a representatividade negra na telinha e além disso auxiliar os pais na educação dos filhos sobre elementos formadores da cultura africana e sua forte presença na concepção dos brasileiros, os idealizadores do desenho nigeriano Bino & Fino desenvolveram uma proposta de financiamento coletivo para viabilizar a exibição da produção por aqui. “A programação infantil é uma ferramenta muito poderosa que pode inspirar confiança e uma autopercepção positiva nas crianças. Infelizmente, nem todas elas são representadas de forma precisa em seus desenhos animados favoritos “, diz Adamu Waziri, o criador do desenho animado educativo.
Cada vez mais popular na Nigéria, Bino & Fino fala sobre dois irmãos gêmeos que vivem na África subsaariana e ao lado da amiga, a borboleta Zeena, a cada dia descobrem aspectos diferentes sobre o mundo, vida e a história do continente. Com isso, os criadores pretendem preencher uma lacuna na programação infantil da televisão brasileira, ainda reprodutora de um estilo de vida formado nos Estados Unidos e Europa, e que pouco dialoga com a realidade de uma população com mais de 50% de negros. Bino & Fino oferece aos pais e professores uma nova possibilidade para o ensino de uma educação global concentrada em África.
De acordo com Waziri, Bino & Fino já vem sendo adotado nos currículos de escolas dos Estados Unidos e fazendo sucesso entre os alunos. O museu contemporâneo de artes Diáspora Africana no Brooklyn, em Nova Iorque, também exibe o desenho como parte de seu programa infantil toda sexta-feira. Os alunos de escolas ouvidos pelos veículos de comunicação estadunidenses estão maravilhados em se sentirem representados e saberem mais sobre a cultura dos países africanos, além de conhecerem outras línguas, como o Iorubá.
Que exemplo, não? Para que jovens e crianças se reconheçam enquanto afrodescendentes, é indispensável que os veículos de comunicação percebam a importância de destacar a multiplicidade cultural do Brasil e a forte presença de África no passado e no presente da vida brasileira.
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Para saber mais: www.binoandfino.com
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