De cabelos compridos e longos dreadlock, roupas caseiras de patchwork, grandes colares feitos de contas de oração e muitos amuletos pendurados pelo corpo, os Baye Fall chamam atenção nas ruas do Senegal. Estigmatizados como os Rastas do Islamismo, os Baye Fall são na verdade um ramo do muridismo, que considera Cheikh Amadou Bamba o grande mensageiro de Deus. O nome e o rosto de Bamba, ícone da luta anticolonialista no país, está pintado e espalhado pelo país em edifícios, etiquetas, janelas de táxi, colares e camisetas.
Cada ano, em sua homenagem mais de dois milhões de seguidores realizam uma peregrinação para Touba, cidade hoje considerada santa, onde viveu, trabalhou e morreu o líder religioso depois de seu exílio de 20 anos impelido pelos franceses. Bamba acreditava que o contato com Deus era feito através do trabalho pesado, da generosidade, tolerância e paz e que a religião deveria ser desapegada de todos os bens materiais. Por isso entre os membros da cultura Baye Fall, é normal se escutar: “tudo se divide”.
Outra diferença é que enquanto no Islã ortodoxo, todo seguidor está diretamente em contato com Deus, na concepção Baye Fall, o relacionamento com Deus é canalizado através de vários líderes religiosos, adoração que acaba gerando algumas contradições de críticas no país, uma vez que é normal que cidadãos dediquem suas vidas para presentear seus marubus (líderes). Outra diferença é que ao contrário de muitas outras culturas muçulmanas, eles não diferenciam o Islã e a cultura árabe, sendo muito mais apegados aos valores das tradições africanas. Os seguidores alegam que a atitude é mais um estilo de vida do que uma religião e ilustram: “um homem não nasce Baye Fall, ele torna-se Baye Fall”.