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Brasil / África

Animação baiana Orun Aiyê narra criação do mundo pelo Orixá
por Kauê Vieira

 

Orun Aiyê é uma novidade bem-vinda e imprescindível para o fomento e continuidade de uma discussão madura acerca da presença africana, não só na constituição da base, mas em todos os momentos da vida brasileira. (Foto: Divulgação)

 

 

O Iorubá é uma língua falada em países como Benim e Nigéria e foi trazida para o lado de cá do Atlântico por negras e negros escravizados vindos de África. No Brasil o idioma se popularizou e foi preservado especialmente em função do Candomblé, religião de origem africana, mas que ganhou corpo e forma a partir do Bahia e seus terreiros que ajudaram e ajudam a manter vivo o culto ao Orixá e uma ligação espiritual entre o Brasil e o continente africano.

 

 

Para além da fé, o Candomblé se coloca como um espaço de preservação de memória e também uma grande referência de comunidade no que diz respeito ao convívio social, respeito aos mais velhos e preservação da natureza. Poço inesgotável de cultura, o culto ao Orixá sobrevive firme e forte apesar de todo o preconceito que rodeia esta religião característica dos afrodescendentes brasileiros. Nesse sentido são muitos os trabalhos que tentam desmistificar e propor uma discussão e interpretação honesta acerca da beleza e conceitos que formam o Candomblé, caso da animação baiana Orun Aiyê, curta feito em stop motion e que de maneira delicada e cuidadosa narra a criação do mundo a partir do Orixá.

 
 

Com direção de Jamile Coelho e Cintia Moreira e roteiro de Thyago Bezerra, Orun Aiyê , fruto do trabalho da produtora baiana Estandarte Produções, apresenta Vovô Bira, um griot que divide seus saberes de como os deuses africanos Olodumaré, Orunmilá, Oduduwa, Oxalá (dublado pelo músico Carlinhos Brown), Nanã e Exú trocam experiências sobre a descoberta do universo. Repleto de detalhes e fiel aos arquétipos e características do Orixá, o início do filme foca na tarefa dada por Olodumaré ao Orixá do branco e da pureza, Oxalá, que caminha pelos desertos de África em busca de relatos de como as lendas africanas retratam a criação dos seres humanos, da natureza e de todo o mundo.

 
 

 

Orun Aiyê, curta feito em stop motion e que de maneira delicada e cuidadosa narra a criação do mundo a partir do Orixá. (Foto: Divulgação)

 
 

Foram 455 dias, mais de 2500 fotografias e 45 profissionais envolvidos em um trabalho que resultou em 12 minutos de pura magia. Orun Aiyê é uma novidade bem-vinda e imprescindível para o fomento e continuidade de uma discussão madura acerca da presença africana, não só na constituição da base, mas em todos os momentos da vida brasileira.  É importante que, em um país formado a partir de uma visão racista, eugenista e marcado pelo sangue derramado de negras e negros arrancados de suas origens, jovens afrodescendentes usem a arte e a educação para mudar um conceito equivocado e ignorante sobre a cultura afro-brasileira. Mais representativo ainda é o fato da animação ter sido produzida por profissionais de Salvador, cidade onde o negro ainda ocupa um espaço estereotipado, que teima em colocá-lo como um adereço para agradar e atrair turistas. Orun Aiyê chega para fazer jus ao negro e sua cultura. Sempre na justiça de Xangô.

 
 

“Ser negro no Brasil é repensar fora da África sem perder seus vínculos, é ser uma reinvenção de um africano.” – Ubiratan Castro.

 

 

Confira um teaser da animação: https://www.youtube.com/watch?v=kitXIAf6Y3o

 

Visite o site oficial: http://www.orunfilme.com.br/