width="62" height="65" border="0" /> width="75" height="65" border="0" /> width="75" height="65" border="0"/> /> /> /> />
França / África

Alexandra Loras: Inspiração que vem da diáspora africana
por Iolanda Barros

 

Foto: Facebook Oficial

 

 

Alexandra Baldeh Loras é ex-consulesa da França em São Paulo e considerada hoje uma das líderes francesas mais influentes. Jornalista formada na tradicional Sciences Po, é uma ativista engajada na discussão sobre a representação da população negra na mídia e na educação e os efeitos que isso tem na construção da identidade negra, especialmente das crianças.

 

 

Devido à posição que hoje ocupa, a ex-consulesa transita pela elite de São Paulo. Mas não foi sempre assim. Nascida na periferia parisiense, em uma família pouco convencional, com influências muçulmanas e judaicas, ela é filha de mãe francesa e pai gambiano. Quando resolveu que queria estudar em uma das universidades mais tradicionais e elitistas do mundo, teve que fortalecer sua autoestima e se convencer de que era capaz, a despeito dos comentários de colegas e familiares.

 

 

Sua trajetória de vida, garante, é o que lhe permite manter os pés no chão. Alexandra sabe que o passado de alguém não determina seu futuro. Conhece a realidade de não ter nada e também a de ter bastante – aproveitando cada oportunidade que tem para fazer a diferença. Considera que o Brasil lhe dá chances incríveis para refletir e discutir sobre o racismo e, por isso, realiza palestras em escolas públicas e mantém um blog em que discute o imaginário social e seu impacto na construção das identidades negras, bem como a invisibilidade da maioria negra nos ambientes de poder brasileiros. Trata-se de um convite à reflexão para todos que vivem nessa “normalidade branca” ela diz, convicta de que é necessário mudar a maneira como contamos as histórias sobre a África e os afrodescendentes espalhados pelo mundo.

 

 

 

Foto: Facebook Oficial

 

 

Inspiração é a palavra de ordem. Segundo a ex-consulesa, uma importante forma de combater o racismo é trabalhar a autoestima das crianças, resgatando narrativas sobre protagonistas negros que realizaram importantes feitos na história da humanidade. “Somos responsáveis por reconstruir e reequilibrar a história, mostrando toda a contribuição à civilização dos afrodescendentes”.

 

 

Mas, sendo uma mulher rica, estrangeira e bem sucedida, será que a ex-consulesa sofre com o racismo? Alexandra conta que é frequente, durante recepções em eventos e jantares no Consulado, que os convidados passem direto por ela, imaginando tratar-se de uma funcionária indicando o caminho para a festa, e não da consulesa os recepcionando, conforme determina o protocolo francês. “Mas eu tenho o título para quebrar o clichê, para pegar o microfone, fazer o discurso e permitir que eles se dêem conta de que sou a anfitriã da noite”, momento em que se diverte com os rostos surpresos daqueles que jamais imaginaram que a consulesa da França poderia ser negra. Alexandra Loras, com suas iniciativas e trabalhos engajados, vem para quebrar protocolos e mostrar ao mundo a força que a política do empoderamento pode proporcionar seja no fim de estereótipos, seja na afirmação cultural da identidade negra.