width="62" height="65" border="0" /> width="75" height="65" border="0" /> width="75" height="65" border="0"/> /> /> /> />
África

África em foco e na mídia: a importância como indivíduo
por Regina de Sá

 

Imagem do site da BBC News Africa destaca uma mulher sem nome

 

 

Ao se vasculhar o território em busca da diversidade étnico cultural africana, desaparecem por completo os nomes das pessoas, especialmente nas legendas das fotos de muitas matérias que circulam na mídia. Elas nada mais são do que “homem da nação suri”, o “jovem kru”,  aquele “povo basotho”, dentre outras denominações. Mas, quem são as figuras que são curiosamente apresentadas em rituais, danças, vestindo coloridas roupas ou carregando utensílios quase pré-históricos? Como se chegou a elas sem que se soubesse seus nomes além do de suas comunidades ou nações? Por que elas são apresentadas quase sempre sem nomes?

 

 

Apesar de boa parte das matérias veicular textos interessantes sobre as peculiaridades do continente africano, ainda não se consegue saber muito sobre o indivíduo. Basta observar como a pessoa citada no texto aparece na foto. As legendas geralmente a apresenta de uma forma genérica. Mas este indivíduo tem uma história, um nome, um legado. Com exceção do líder sul-africano Nelson Mandela, em grande parte das matérias as histórias se diluem no vasto território da  constante ausência de individualidade.

 

 

 

Especial Faces of Africa do site da National Geographic mostra galeria de fotos e nenhum fotografado identificado

 

 

Embora algumas vezes seja complexo o contato com determinados povos, especialmente os mais isolados e avessos à exposição, de alguma forma essa barreira é quebrada e o contato se inicia. Mesmo que haja a necessidade de intérpretes para  o diálogo, a primeira pergunta que normalmente se faz a uma pessoa é saber o seu nome. Na medida em que se distancia do outro, criando uma forma despreocupada de denominar o indivíduo, como ocorreu no passado nas primeiras investidas do colonizador europeu com relação ao africano, parece que tratar de forma genérica diminui a “responsabilidade”.

 

 

Pessoas com um nome conhecido têm muito mais a contar no momento em que suas histórias se individualizam. Aprender um pouco mais sobre elas, em um continente que ocupa 20% da superfície da Terra, com cerca de um bilhão de habitantes, ou 14% da população mundial, com 54 Estados independentes, é imprescindível. Descobrir os personagens e saber mais sobre este indivíduo é buscar quebrar estereótipos e preconceitos estabelecidos, algo que, em pleno século 21, ainda retumba forte quando entra a enorme protagonista África.

 

 

 

Galeria de fotos de Alexia Webster, da CNN Africa: 15 imagens sem nenhuma identificação dos retratados

 

 

Assim como era o Brasil antes da chegada dos colonizadores, o continente africano possui, até hoje, uma diversidade de nações e povos tão imensa quanto a geografia e características climáticas e naturais do continente. Tudo na África se apresenta gigantesco, mas a tendência em suprimir a identidade das pessoas ali continua presente fora de suas fronteiras.

 

 

 

Blog Trid Down Memory Lane retrata diversas nações africanas, mas os fotografados que ilustram os textos não são identificados

 

 

Nas matérias jornalísticas sobre a África, o que se percebe é que todo mundo tem um nome, menos o africano. É notável a maneira genérica como as reportagens tratam os personagens das diversas nações da África. A viagem profunda e desmistificada tende a esbarrar na invisibilidade, como se todos fossem um só. Como dizia Mandela, “se você falar com um homem numa linguagem que ele compreenda, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria linguagem, você atinge seu coração”. Nada mais justo do que conhecer realmente com quem se relaciona diretamente.