O Afoxé, de origem ioruba, pode ser traduzido como “a fala que faz” e é um símbolo da cultura africana expressada em manifestações ligadas à religião, música e comportamento. Foi a primeira manifestação negra a desfilar pelas ruas da Bahia, em 1885 e alguns pesquisadores acreditam ser uma forma de arte originada das mesmas raízes do maracatu.
Para sua concepção, três instrumentos são essenciais: o afoxé (ou agbê), uma cabaça coberta por uma rede formada de sementes ou contas, que é percutido pelo agito da rede, que fricciona no corpo da cabaça; os atabaques, de três tipos e três tamanhos diferentes, que em conjunto traduzem o som do ijexá; e o agogô, formado por duas campânulas de metal, com sonoridades diferentes, que dita o ritmo aos demais instrumentos.
O Afoxé está longe de ser sinônimo de bloco carnavalesco, é uma manifestação que tem profunda vinculação com as manifestações religiosas dos terreiros de candomblé. As melodias entoadas nos cortejos dos afoxés são praticamente as mesmas cantigas ou orôs entoados nos terreiros afro-brasileiros que seguem a linha ijexá, e por isso o afoxé, muitas vezes, é chamado de “Candomblé de rua”.
Caracterizado como uma festa profano-religiosa, a expressão afoxé teve uso restrito, apenas entre os seus participantes. Mas hoje pode ser vista principalmente na época do carnaval, em regiões que festejam a data com mais intensidade. No Estado do Pernambuco, o afoxé ressurge com o Movimento Negro Unificado no final da década de 70, como uma das formas de se fazer chegar à maioria da população o debate sobre consciência negra e liberdade através da música.
O ijexá se tornou popular, no Brasil, principalmente pela atuação do grupo baiano Filhos de Gandhy. Ainda, com a colaboração de cantores renomados, como Gilberto Gil, Virgínia Rodrigues, Maria Bethânia e Caetano Veloso, que também interpretam músicas no ritmo ijexá, a cultura do afoxé difundiu-se com sucesso pelo país.