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ZimbabweUma das maiores civilizações do mundo no coração da África
Texto e Fotos: Flora Pereira da Silva
Arte: Natan Aquino

 

Great Zimbabwe faz jus ao nome. Suas ruínas consistem em nada menos do que a maior e mais significante construção de toda a África subsaariana, herança única da civilização Bantu, que populou todo o centro e o sul do continente. A história do Great Zimbabwe é uma delícia para os ouvidos curiosos e aventureiros. Repleta de mistérios e circundada por mitos, a origem e o declínio do império ainda carregam muitos segredos a serem descobertos.

 

 

Os construtores são ascendentes do povo Karanga, da etnia Shona e acredita-se que eles chegaram ao platô onde hoje se encontra o Great Zimbabwe na metade do século IV, procurando por regiões mais altas para fugir das moscas do sono tse tse, que assolavam as áreas mais baixas do vale. As grandes construções, no entanto, começaram no século XI, no auge da civilização local.

 

 

O ascender espontâneo do império, que chegou a cobrir todo o território do atual Zimbábue, se espalhando por Botswana, Moçambique e norte da África do Sul, é um dos principais mistérios, uma vez que as condições de clima, solo e localização de nada favoreciam os seus moradores. Os mais românticos acreditam que o complexo era carregado de uma energia espiritual maior ou ainda, de tecnologias e ferramentas desconhecidas pela sociedade atual. Os mais práticos atribuem a ascensão às inovações tecnológicas de cultivo e à intensificação das atividades de comércio.

 

 

A complexidade socioeconômica da civilização, que chegou em seu apogeu a 18 mil habitantes, coloca o Great Zimbábue entre as maiores e mais elaboradas sociedades políticas de seu período. Durante as escavações arqueológicas foram encontrados vestígios como miçangas de vidro, porcelana e moedas de ouro, que revelam extensas atividades comerciais com a China, com a Pérsia e com o mundo árabe. Outras evidências ainda provam complexas atividades pastorais e agronômicas.

 

 

Construída com blocos de pedra de granito áspero, o Great Zimbabwe é marcado por três complexos principais: o Recinto Real, as Ruínas do Vale e o Grande Recinto. A cidade real fica nas colinas mais altas e abriga o rei, sua irmã e seu conselheiro espiritual. Ali, foram encontrados seis totens de pássaros e acredita-se que representam os grandes reinados durante o apogeu da civilização. Um deles hoje transformado em emblema nacional, enfeitando a bandeira do país. Em outra ala da mesma construção, encontra-se um ambiente sagrado, onde os rituais e consultas espirituais eram realizados. Para acessar os diferentes recintos da cidade real, passagens estreitas, baixas, secretas e labirínticas – tudo pela proteção do líder.

 

 

A rainha ocupava o mais suntuoso dos edifícios e também o mais preservado: o Grande Recinto. Blocos de tijolos feitos a partir de uma mistura de areia e argila granítica se encaixam dispostos em cursos regulares sem nenhum tipo de liga, mostrando um elevado nível de especialização em alvenaria. Com forma de elipse, a construção cujas paredes chegam até 20 metros é também mais recente do que o Recinto Real, tendo sido levantada no século XIV. Dentro do recinto, uma torre cônica cujo significado é ainda desconhecido e circundado por mistérios. Alguns historiadores acreditam na veneração do conceito de fertilidade e por isso a forma fálica do monumento.

 

 

As Ruínas do Vale formam o terceiro complexo, uma série de conjuntos habitacionais espalhados pelo vale. Em comum, cada casa possui pisos e assentos interiores feitos de pedra seca e paredes de alvenaria com alto padrão de decoração em xadrez. As habitações foram construídas no século XIX, depois do fim do império e abandono das ruínas reais, passagem que ocorreu por volta de 1450 e cujas razões continuam desconhecidas. No entanto, existem duas principais linhas de pensamento: a primeira acredita que a decisão foi uma consequência de múltiplos fatores: a região, afetada pelo desmatamento e excesso de cultivo, não conseguiria mais abastecer a superpovoada cidade, as mudanças climáticas teriam afetado o solo e o comércio de ouro estaria em declínio. Por outro lado, a segunda escola de pensamento acredita que o rei e seu povo teriam se mudado a fim de maximizar a exploração do outro, aumento sua rede de comércio.

 

 

Na teoria, a população abandonou a área, se dividindo em dois grupos e duas direções. Ao norte estabeleceram o estado de Mutapa e ao sul o estado de Torwa. Na prática, todo o país criou laços de identidade com essa avançada e misteriosa sociedade, se tornando um conjunto historicamente simbólico de resistência. Quando a independência foi (re)conquistada, em 1980, Great Zimbabwe, a “grande casa de pedra”, foi o nome escolhido pelo povo. Zimbábue é uma homenagem e ao mesmo tempo uma identificação ao que um dia foi uma das mais importantes e avançadas sociedades política e comercial do mundo.

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