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GanaA África como destaque de inovação e tecnologia
Texto e Fotos: Flora Pereira da Silva
Arte: Natan Aquino

 

 Em setembro de 2016, Gana ganhará o maior HUB de tecnologia e inovação da África. A iniciativa nasce para marcar o crescimento da economia africana que vem se destacando no mercado internacional e para mostrar ao mundo que na corrida tecnológica do século XXI, o continente não ficará para trás. O projeto já saiu do papel e as construções na capital do país, Acra, começaram. Com foco em Telefonia, Comunicação e Tecnologia de Informação (TI), a plataforma localizada no centro da cidade ocupará, em sua primeira fase, um espaço de 30.000 metros quadrados, com ampliação já prevista para os próximos anos. Criado pela empresa Gateway Innovations, o HUB surge para satisfazer a crescente demanda da indústria de tecnologia no continente, fornecendo a estrutura necessária para suportar o crescimento da área, que conta com projeções promissoras.

O CEO da Gateway Innovation e idealizador do projeto, Yaw Owusu, formado em Matemática e Economia e especializado em Desenvolvimento de Computadores e Softwares, ao monitorar as tendências de inovação de Gana e do Oeste Africano, percebeu que existia um gap entre o rápido crescimento econômico dos países e as oportunidades de negócios de tecnologia geradas. Empresas como Google, Ericson, Vodafone, MTN, Tigo, Orange, estavam vindo para o continente, mas careciam de um espaço moderno de trabalho e acabavam cada uma criando seus próprios escritórios em centros residenciais. Empresas, que segundo o diretor, empregam entre 300 e 2000 funcionários cada uma apenas em Gana, e que por isso, precisavam ampliar e investir no espaço de trabalho. No entanto, além de estabelecer um hub de firmas de tecnologia e providenciar, através do aluguel de espaço, infraestrutura para empresas estabelecidas, o projeto Ghana Cyber City pretende colaborar com o desenvolvimento de empresas locais, e por isso, um dos principais focos da iniciativa será a criação de uma incubadora de pequenos e médios negócios africanos.

 

 

 

 

“Incubação é basicamente o processo de facilitar o lançamento e a manutenção de empresas Start Ups. Muitas empresas iniciantes na África falham porque não têm a ajuda necessária, seja em termos de financiamento, de expertise, marketing ou coisas básicas como a elaboração de um plano de negócios”, constata o diretor Yaw Owusu, explicando que pretende com o Ghana Cyber City (GCC) criar o elo entre ideias inovadoras e investidores. Através da incubação a empresa visa gerenciar e facilitar processos de criação com duração de seis a doze meses que possibilitem o crescimento das start ups, de modo que ao longo do caminho, as novas empresas possam passar a caminhar sozinhas. O projeto, assim, prevê um sistema de incubação que forneça infraestrutura, conselhos administrativos e legislativos, elaboração de planos de negócios e outras ferramentas para que uma empresa possa passar do estágio conceitual ao comercial.

 

 

“Vamos começar do básico. Algumas vezes criadores de uma empresa Start Up têm uma ideia, mas uma ideia apenas não é suficiente, você precisa de outras ferramentas. O GCC pretende fornecer: 1- apresentação para investidores, linkando a empresa com os parceiros certos, e providenciando o acesso às plataformas corretas como conferências com stakeholders; 2 – Marketing e desenvolvimento de materiais de promoção e 3 – Financiamento, como por exemplo o crowdsourcing, providenciando o acesso direto às firmas de capitais que já estamos conectados’, lista Owusu, contando sobre as atividades planejadas pela plataforma. Além do hub e da incubadora, o projeto também contará com um Data Center (Centro de Dados), oferecendo às empresas agregadas uma plataforma para a armazenamento de serviços e informações. Para o diretor, existe uma forte demanda de serviços de Data Center na África, uma vez que começam a surgir grandes indústrias, empresas de aviação e telefonia e bancos – setores todos que baseiam seu funcionamento no armazenamento de dados e gerenciamento de informações de clientes. Com a previsão de crescimento exponencial, o projeto chamou atenção do International Financial Corporation (IFC), setor privado do Banco Mundial, que está interessado em investir em unidades de Data Center no país junto ao Ghana Cyber City.

 

 

Por fim, na área de serviços, a iniciativa vai providenciar prestabilidades gerais de TI para pequenas e médias empresas, em que é mais financeiramente viável pagar por serviços individuais em oposição a ter sua própria equipe. Instalação e desenvolvimento de softwares, hardwares, engenharia de rede, outsourcing, processamento de dados serão algumas das atividades fornecidas, hoje, já requisitadas por empresas da Europa, Ásia e América do Norte, que estão investindo na África. É dentro do serviço de outsourcing que está prevista uma segunda fase de ampliação do projeto, onde serão construídos juntos ao HUB, apartamentos e residências e uma nova área comercial, com um shopping desenhado para empresas de tecnologia. Quando questionado sobre os benefícios de trazer diferentes companhias para um mesmo espaço, Yaw, com empolgação e embasamento responde: “Muitas empresas querem estar próximas de outras da mesma indústria. Em NY, existe uma área chamada Madison Avenue, onde a maioria das agências de propaganda estão localizadas. Em Washignton DC, na K Street estão concentradas as empresas de Lobby. É estimulante para os empregados, que nas horas vagas vão se encontrar com pessoas da mesma área, fato que promove um crescimento coletivo e o aprendizado mútuo. Um HUB de inovação é um espaço para compartilhar ideias, um ambiente estimulante para aprender e crescer. Além da flexibilidade de empregos. Caso uma empresa perca um funcionário, você está no lugar certo para encontrar um substituto”.

 

 

 

 

Ainda para incentivar a criação de empregos, a localização escolhida foi estratégica. GCC é situado a cinco minutos do aeroporto internacional de Acra, perto do distrito de negócios e ao lado da Universidade de Gana, que conta com uma população de 20 mil pessoas, de modo a facilitar a conexão entre empresas e estudantes. Entre os projetos do futuro está o plano de criar uma parceria direta com a universidade, com oportunidades de estágios dentro das empresas parceiras. O diretor lembra o exemplo do Vale do Silício, nos Estados Unidos, e de empresas como Yahoo e Facebook que cresceram dentro do ambiente universitário. A arquitetura, idealizada pela empresa The Consortium, também foi pensada para se adaptar à região, com projeto similar e orgânico ao plano criado para a ‘cidade-aeroporto’ e com prédios baixos de compatibilidade estética com os da Universidade. Para o toque final, a estrutura vai incorporar tecnologias renováveis nos prédios, se aproveitando dos recursos de energia solar disponíveis.

 

 

Yaw Owusu, trazendo exemplos de projetos inovadores africanos, discute também o impacto positivo que hubs e centros de tecnologia podem trazer na economia do país e do continente. Para ele, facilitar a incubação e promover o crescimento do número de start ups, especialmente no setor de TI, faz com que a economia evolua de maneira mais eficaz. Como exemplo, ele traz a Mpesa e o Mpedigree. O primeiro é um eficiente sistema de pagamento por celulares criado no Quênia, que hoje tem um quarto de sua economia ligada à nova tecnogia. Uma revolução, em que o líder de produção é a África, e que já está sendo exportada para diversos países da Ásia. O mesmo vale para o segundo exemplo, o Mpedigree, hoje em processo de implantação na Índia. Desenvolvida em Gana pelo jovem Bright Simons, a ferramenta que foi classificada em 2013 entre as 25 melhores inovações do mundo por causa do seu impacto na sociedade, trata-se de um aplicativo que permite identificar a originalidade de um medicamento. “Na África e em países em desenvolvimento existem milhões de medicamentos falsos, e isso é um grande problema. Através de parcerias com empresas farmacêuticas, basta digitar o código no celular para saber se o produto é ou não verdadeiro. Outra revolução que está fazendo a diferença”, conta o CEO, reafirmando a importância de espaços e centros que facilitem a criação e o desenvolvimento desse tipo de inovação, e de ambientes que incentivem a produção de novas ideias e a participação de jovens empreendedores.

 

 

As Tecnologias de Informação aprimoram de modo direto o fluxo de como a economia funciona e vem gerando grandes avanços no continente. Na África, 80% das pessoas não tem acesso a contas bancárias. Com o sistema de pagamento por celular, o aparelho acaba funcionando como um banco. Na saúde, além do sistema para identificar medicamentos falsos, o continente conta com o exemplo da telemedicina, que consegue assessorar por telefones áreas remotas, sem acesso à clínicas ou às pessoas com treinamento médico. Na política, um dos exemplos é o aplicativo Uwiano, uma ferramenta que identifica pontos de conflito ou áreas problemáticas e cria um espaço coletivo para a resolução do problema. Desenvolvido por jovens no Quênia em meio à recente instabilidade política que o país vem passando, o aplicativo já está sendo exportado para outros países como exemplo de prevenção de conflito. É o acesso a informações ajudando diretamente na evolução da sociedade.

 

 

 

 

Ainda, por causa do grande crescimento das economias africanas e da estabilização das crises na maioria dos países existe um novo foco no continente, que não estava antes presente. E são muitos os casos que ilustram esse interesse. A Costa do Marfim acabou de sair de uma guerra e, mesmo assim, ao sediar no começo do ano um evento chamado Invista na Costa do Marfim, que mirava a vinda de 500 investidores, contou com mais de 3000 participantes. Em março na Swazilandia aconteceu o encontro Africa City of All, evento que procura fazer um brainstorm para impulsionar ainda mais as economias africanas. Em maio, será sediado no Gabão o NY Forum África, que juntará cerca de 1500 delegações, de todas as partes do mundo, com o objetivo de formular novos modelos para revigorar e aumentar as oportunidades locais. É uma ótima hora para estar na África! Uma ótima hora para investir. Cabe a nós africanos potencializar isso, oferecendo ou lançando empresas e inovações para sustentar essas demandas. Demandas de oportunidades que estão vindo de todos os lugares”, arremata.

 

 

Para o diretor, uma séria de fatores está impulsionando o interesse internacional. Além de os países do continente estarem mais estáveis hoje, as outras regiões, especialmente Europa e América do Norte não estão crescendo. Investidores precisam de um novo local para que consigam os melhores retornos. E é na África onde hoje eles se encontram. Ele menciona ainda a ampliação de mão de obra qualificada e experiente disponível no continente. Por fim e principalmente está a crescente inovação tecnológica, cada vez mais presente. Depois de enumerar os exemplos, Yaw Owusu declara com firmeza: “A África definitivamente está encaminhada na competição de tecnologia”. Criando ideias brilhantes para combater falta de recursos ou situações de crises, o continente está entregando ao mundo inovações inestimáveis, mostrando a criatividade e o potencial ali presente e não deixando dúvidas de que o futuro está batendo na porta.
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