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MaliA concepção africana da sétima

Texto e Fotos: Flora Pereira da Silva
Arte: Natan Aquino

 

Entre Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Contribuição Artística, Cheick Oumar Sissoko já venceu sete prêmios internacionais e foi nomeado a outros três. Reconhecido como um dos mais importantes cineastas africanos e um dos pioneiros do Cinema da Verdade, Sissoko também já foi Ministro da Cultura do Mali e ocupa hoje o cargo de Secretário Geral da Associação Africana de Cineastas. Em entrevista exclusiva ao Afreaka, o diretor fala sobre a concepção africana da sétima arte e a importância social do Cinema da Verdade. Clamando por uma independência verdadeira do continente, o renomado cineasta explica a sua luta pessoal para o fim das desigualdades sociais e faz uma forte crítica à política e aos interesses econômicos dos países norte americanos e europeus nos conflitos na África.

 

 

Em sua opinião, qual é a função do cinema?
Portar para a tela as imagens da África, as maneiras de se viver aqui, as maneiras de amar, de sentir prazer, de sofrer, de lutar, a maneira de viver das sociedades africanas é um desafio. Isso porque hoje as imagens da África são quase absentes do universo das imagens. Nós não as vemos. É importante essa missão porque a África não está inclusa. A África é apresentada como o continente de todas as calamidades, de conflitos, de guerra, de epidemias, da fala, da seca. O continente da pobreza. É isso que os países do norte mostram ao seu povo. A África é marginalizada, excluída. Nem ao menos se sabe que a África é o berço da humanidade ou que a África produziu inúmeros impérios ou então que em certo momento da história da humanidade, a África estava muito mais avançada do que os países europeus. Nós não sabemos que um século antes do Cristóvão Colombo, Abu Bakr II, um grande imperador maliano, esteve na América. Ele abandonou o trono para ver o que existia além do horizonte do oceano. Acreditamos que ele tenha desembarcado no Brasil e que esse é um dos motivos que existem tantas comunidades negras no Brasil, e não apenas por causa do tráfico de escravos. Dizem que quando os escravos pisaram por lá, os músicos começaram a cantar e os recém-chegados conheciam a língua, o mandengue. Outra ideia nesse sentido é a insistência de separar o Egito da África. Ali existiu uma grande civilização e ela era africana.

 

 

A missão do cinema é permitir entender a África ao mundo, mostrar que aqui é uma terra de grandes civilizações, grandes culturas e um lugar que continua a produzir algo que o norte perdeu, o humanismo. Claro que existem tradições retrógradas, que não são nada boas, mas não são selvagerias, são rituais que foram estabelecidos ao longo do desenvolvimento da cultura. Algo que aconteceu por todo o mundo. Existem violências na Europa que nós não conhecemos aqui. A violência contra as crianças, por exemplo. Aqui existe uma relação muito clara e próxima na família, algo que não existe na Europa. Então são esses os objetivos que devem servir o cinema. O cinema tem que criar uma mentalidade, tem que permitir o desenvolvimento da consciência. É preciso garantir que as pessoas conheçam seus direitos e seus deveres, para que então elas possam se inserir melhor na sociedade e melhor ocupar cada um o seu lugar. O cinema tem essa capacidade pedagógica de abrir os olhos e de fazer com que as pessoas entendam o papel da África na Humanidade.

 

 

Com esse foco de conscientização e engajamento social, como você escolheu os sujeitos de seu filme, decidindo quais seriam os temas que deveriam ser retratados?
Eu escolhi fazer cinema para falar dos problemas sociais e da realidade, de modo que as pessoas abram os olhos e compreendam os fenômenos que determinam a evolução da nossa sociedade. Isso significa falar das desigualdades sociais e das injustiças. O que me interpelou foram os problemas que o meu país viveu diretamente. Meu primeiro filme, 1984, falou sobre a seca que o país passava na época. Todos os cidadãos dos vilarejos imigraram para as grandes cidades porque nos campos não havia mais o que comer. E eu vivi isso. Então não tive que refletir ou procurar uma nova ideia para escrever o roteiro. Eu fui interpelado porque o drama estava na minha frente. Foi quando criei um filme documentário de 35 minutos chamado “A seca e o êxodo rural”. Um pouco depois vem meu segundo filme. Comecei a reparar que as crianças que iam para as escolas ao mesmo tempo tinham que trabalhar para ajudar os pais em casa, não tinham escolha. Elas batiam na minha porta perguntando se podiam regar as verduras na minha horta. O trabalho cansa e as crianças acabavam não conseguindo manter os dois. A educação dessas crianças não pode ser deixada de lado. A escola é uma obrigação do estado. Sem escola a gente hipoteca o futuro do país. Foi aí que eu fiz o filme: “A lição das hortas”. O terceiro filme eu também não tive que procurar muito para saber o que eu queria contar: a violência contra as mulheres. Se as mulheres não são emancipadas, o país não se desenvolve. Aqui existe ainda a mutilação. Isso são situações que eu não posso tolerar. As situações malianas se jogam na minha frente e eu me jogo para prepará-las em transformá-las em filmes. Sempre que faço um filme é ele que me conduz para o outro. Também foi assim que cheguei a Guimba.

 

 

Como foi o feedback da sociedade maliana? Você viu mudanças concretas acontecendo?
As pessoas se apropriaram do filme sobre crianças. Iam assistir repetidas vezes. Começaram a reclamar pelas mesmas mudanças e se revoltaram contra o ditador da época. O filme sobre a circuncisão feminina passou a ser utilizado pelas associações de mulheres, que começaram a exibi-los em suas campanhas. O filme foi importante na luta contra a mutilação. Já o Guimba foi o filme que mostrou aos malianos que existe outra coisa além da miséria. Que mesmo que exista o poder, é possível lutar contra ele. Nesse filme utilizamos as belezas do nosso país como Djenne e Pays Dogon como cenário e abordamos os valores da sociedade maliana, a solidariedade e o amor, para dar visibilidade às tradições positivas daqui. Claro que existem tradições que não são boas, que precisam ser abandonadas, e eu trabalho com isso nos meus filmes. Mas as boas tradições precisam ser valorizadas, guardadas e positivadas. Acho que a maneira que meus filmes ajudaram foi abrindo as portas para que o maliano se posicionasse nas decisões da sociedade.

 

 

E como foi a transição do documentário para o cinema simbólico?
Eu entrei no mundo do documentário porque sempre quis me prender à realidade. Mas os documentários não são sempre mostrados. Meu primeiro filme documentário foi censurado. Passei para a ficção como uma maneira de conseguir ser exibido nos festivais e nas competições, uma maneira de falar da mesma coisa, apenas mudando a linguagem. Eu continuei fazendo os documentários, fiz mais 25 títulos depois disso. Ficção foram cinco e estou terminando de rodar o sexto agora.

 

 

A sua geração é conhecida como a geração do cinema da verdade e você é um dos principais responsáveis por isso. Qual é o cinema do contexto atual? Como o cinema da verdade se apresenta hoje?
A gente teve que continuar o cinema da verdade porque a África ainda não conseguiu regularizar os problemas fundamentais de justiça, de pobreza e de educação. O cinema da verdade é ainda necessário para meter o dedo sobre esses problemas porque ele permite que as pessoas entendam quais são eles. A nova geração fala também do cinema da verdade, mas eles caminham para uma nova forma de escrita. Essa juventude está passando por um problema que é a falta de investimento no cinema. Não tem mais sala de projeção e não tem mais financiamento para filmes como tinha antes. Agora quem está tomando as rédeas é a Nigéria. Estão criando bastante, fazendo um trabalho enorme com mais de mil filmes por ano. Eles também trabalham com problemáticas da sociedade, também estão por dentro do Cinema da Verdade, mas eles têm algo a menos. Eles não tiveram a formação política que nós tivemos. Nós fomos educados pelos pais da independência. Aqui nós tivemos um homem extraordinário Modibo Keïta, o primeiro presidente da república, que foi um homem que lutou contra a dominação francesa, mas também pela emergência de uma África unida, de uma África livre, desenvolvida e próspera. Nossa geração fez a escola fundamental com esse homem. Fomos formados nesse meio de luta e independência. Então a visão que temos é diferente, uma visão que fala da necessidade da união africana e do seu desenvolvimento no plano da democracia. Não é o caso dos jovens que estão hoje no cinema, são outras as temáticas agora, mas isso é bom. O cinema é pessoal e a diversidade criativa é necessária.

 

 

Quais são as temáticas da nova geração?
As novas temáticas são os jovens eles mesmos, entre seus sonhos e ambições. Os jovens não querem mostrar os problemas da África que entristecem. Não querem falar da África em guerra, da África epidêmica. Querem mostrar a África bela, risonha, contente. Mas quando você faz um filme, é preciso mostrar os problemas, o realismo e suas impressões – tudo isso é absolutamente necessário nos filmes. Os jovens trabalham com os filmes psicológicos agora. Eles interiorizam os problemas que os envolvem. Mas cada vez mais, eles estão desenvolvendo seus próprios temas.

 

 

Antes o pan-africanismo e o africanismo eram temáticas recorrentes no mundo das artes. Onde está isso agora?
O pan-africanismo ainda está no cinema da verdade, mas o pan-africanismo precisa renascer. Isso porque eram os pais da independência que o carregavam, Modibo Keita, Sékou Touré, Kwame Nkrumah etc. Mas todos partiram. O mais recente que tentou portar adiante o pan-africanismo foi Thomas Sankara, mas foram todos assassinados ou sofreram golpes de estados. O africanismo hoje está ainda no coração, mas não existem mais chefes políticos que portam essa bandeira. Thabo Mbeki e Mandela falaram do renascimento cultural, mas no cinema, o pan-africanismo está mais presente na minha geração, porque nascemos nesse quadro. Uma pena porque o pan-africanismo é uma exigência política atual absolutamente necessária.

 

 

A nossa impressão é que pelo menos no mundo da arte, os jovens hoje são engajados, estão envolvidos com causas sociais e querem uma mudança. Talvez com temáticas mais urbanas e psicológicos, mas mesmo assim, são ativistas. Você acha que com eles existe uma chance de um renascimento do pan-africanismo?
É algo necessário, mas faltam os líderes. Nós temos uma sorte grande nesse continente. 35% da população é formada por jovens com menos de 35 anos. E 50% que tem menos de 25. É preciso investir na educação desses jovens. É verdade que os jovens estão rumando para as temáticas urbanas no teatro, na música, no cinema e nas artes plásticas. E eles são uma massa que pode ser mobilizada pelo pan-africano, mas são precisos líderes. Hoje, é o que falta.

 

 

Qual é conexão do seu cinema com a tradição oral? Como você fez esse link?
Eu refleti muito sobre isso. Aqui a tradição oral é muito forte. O contador é ao mesmo tempo ator. Na tradição a data não existe. Existem acontecimentos que figuram as datas. O meu filme Guimba é feito no estilo da narração da tradição oral e que eu tentei escrever cinematograficamente da mesma forma. O filme começa com um contador, que descreve uma história que será encontrada no filme. Quando um narrador conta uma história na tradição oral, mesmo se a história tenha dois séculos, ele se posiciona como um ator dessa história, como se ele tivesse feito parte dela. É para torná-la ainda mais real: “eu estava lá ou meu pai estava lá”. Uma das razões é para costurar de forma real a transmissão da sabedoria. E no filme Guimba tem uma história sendo narrada cinematograficamente, mas para reforçar a história narrada na tradição oral, existem histórias secundárias: uma se apoia na outra. O filme conta sobre um rei tirano, uma história que vai se conectar com outra sobre um caçador. Mas tudo isso é o narrador quem conta. Nesse filme o narrador exerce o papel da câmera. É ele que é o diretor de toda a história. Algumas pessoas detestaram isso, não entenderam porque três histórias são contadas ao mesmo tempo. Mas não, não são três histórias, é a mesma. A segunda e a terceira existem em função da primeira, para reforçá-la. É o mesmo processo de narração de um conto.

 

 

Ainda, na tradição oral, a saudação tem uma importância capital. Quando nos encontramos, para nos cumprimentar falamos de a toda linha genealógica. Isso faz parte simplesmente da reconstrução da história do nosso país. No meu filme isso é um ponto de vista. Mas não é fácil fazer essa conexão com o cinema. Eu considero que o cinema é uma técnica universal que é preciso ser utilizada para que cada um compreenda a história dentro do diálogo que foi construído na sua sociedade.

 

 

Quais foram as suas escolhas estéticas para conceber essa abordagem?
Depois que me interessei pela tradução cinematográfica da tradição oral, eu escrevi um roteiro específico para isso. Foi o filme Guimba, que a Europa se recusou a financiar e que depois veio a receber inúmeros prêmios pelo mundo. Eu penso que aqui na África nós funcionamos muito com simbolismo, são eles que marcam a diferença estética africana. Por exemplo, sempre que existe água, a gente investe bastante na sua presença com os movimentos da câmera. A água veicula nossa identidade. Na nossa cultura ela tem uma forte significação. O reflexo da água é sempre trabalhado: principalmente do sol e da lua. O travelling também é bastante utilizado nos meus filmes para que o foco caia nos personagens. Como eles falam bastante, o travelling é ideal para essa cobertura. Também gosto do plano geral porque o espaço é importante no meu país. Existe quase uma sobra de espaço. Como na nossa tradição as pessoas vivem em comum, não utilizo muito o close-up, porque ele é útil para interiorizar o indivíduo no seu problema e sentimento. Mas como aqui as pessoas vivem em comunidades, para mim é mais interessante mostrar as relações sociais entre os grupos do que a interiorização.

 

 

Quais serão as temáticas abordadas nos seus próximos filmes?
O problema que estamos vivendo atualmente é o problema da guerra. Essa rebelião que vai e volta. Essa tragédia é preciso ser compreendida pelo mundo. É errado dizer que é porque é uma região menos desenvolvida porque não á verdade. Na última década foi investido cinco vezes mais dinheiro lá do que no resto do país. E é uma situação que precisa ser resolvida porque o que vai acontecer nos próximos 20 anos no país vai depender da solução dessa crise. Em torno dela, existem muitos interesses econômicos e geoestratégicos de países como a França e os Estados Unidos. Gás, urânio, petróleo, ouro, diamante e uma quantidade imensurável de água potável: tem tudo lá. Tem também uma base militar, que permite controlar o Mar Mediterrâneo, o Oceano Atlântico, o Golfo da Guiné, a África Central e o Mar Vermelho. Além de controlar a Argélia, que é responsável por 30% da exportação feita pela França. Ao mesmo tempo tem os países emergentes como a China e o Brasil, que começam a tentar desenvolver relações econômicas com os países africanos. E os Estados Unidos têm medo disso, eles criam guerras e conflitos para desestabilizar o nosso país. Nós precisamos verdadeiramente de trabalhar com isso.

 

 

O seu novo filme vai tratar desse tema?
Estou começando a escrever, mas ainda não tenho algo concreto. É complicado. A gente tem uma riqueza aqui que é a diversidade cultural. E a guerra está destruindo isso. Nunca houve problemas entre os grupos étnicos. Aqui existiram três grandes impérios, que ocuparam todos os territórios chegando até o Senegal, Costa do Marfim, Gâmbia, de onde o imperador partiu para ir ao Brasil. E com a guerra estamos destruindo essa riqueza. É preciso mostrar a diversidade cultural, mas é preciso mostrar também os problemas que impedem o desenvolvimento. Porque nós temos tudo, nós temos muita riqueza. A África não é um continente pobre. A África é pobre porque aqueles que a dirigem, a dirigem muito mal e continuam a se apropriar da riqueza e a dividir com os europeus e norte-americanos. O cinema verdade precisa continuar porque é o cinema militante. É preciso criar uma passarela entre a América Latina e a África. Eu acredito que essa conexão é a melhor maneira de desenvolver os países do sul do mundo que possuem riquezas e que através das trocas possam realizar uma cooperação bilateral justa e equilibrada. Um país como o Brasil, que hoje chegou a um nível industrial e intelectual muito elevado, pode trazer muito em termos de tecnologia e finanças para um continente como a África, cheio de recursos e com domínio excepcional da cultura no nível musical, na moda e muito mais. Para mim essa é a situação. O norte, a Europa, Estados Unidos e o Japão não estão prontos para desenvolver uma cooperação contrabalançada e justa. Eles são demasiadamente preocupados com o capital financeiro, que é diretivo para cada passo existente. Hoje aqui no Mali são as marcas europeias que dominam e o dinheiro é Franco CFA, que é de um banco francês. Estamos longes de sermos independentes. Então é preciso filmes que denunciem isso, que reclamem o pan-africanismo e a independência verdadeira do continente.

 

 

Como Secretário General da Associação Africana de Cineastas, quais são os próximos passos para alcançar esse objetivo?
Eu vou estabelecer o escritório central em Nairóbi. E lá minha grande preocupação é conseguir criar um fundo nacional de cada país para o cinema. Porque estamos fazendo pouquíssimos filmes. Aqui no Mali, são girados dois por ano de longa metragem. E tem país que espera anos para girar um. Não tem mais salas de cinema. As escolas de cinema precisam elevar o nível dos estudos. Hoje as grandes escolas são apenas em três países: África do Sul, Egito e Marrocos. Na Nigéria tem muitas escolas, mas são de outro tipo. Lá, em uma semana um filme é rodado. Não dá para fazer um filme bom em uma semana. Agora, depois de um tempo, é que eles começaram a gerir melhor as técnicas cinematográficas. Então é preciso que exista um fundo a nível nacional e depois um continental para permitir criar uma indústria cinematográfica continental, mas também em níveis regionais. É preciso criar escolas profissionalizantes e fazer uma consultoria para entender qual é a melhor entre as já existentes. É preciso que formemos cineastas como o mesmo nível dos melhores do mundo. É necessário ainda aumentar a estrutura de pós-produção. Aqui em Bamako estamos começando a preparar uma estrutura de formação e pós-produção de alto nível. Além disso, é preciso criar e recuperar as salas de cinema. Minha batalha vai ser de reorganizar os cineastas e criar uma forte organização pan-africana em cada país e depois trabalhar com os Estados para que exista intervenção e incentivo da área. Com boas salas de cinema, poderíamos alcançar fácil a independência financeira. A África tem 1 bilhão de habitantes. Se 0,1% dessa população for ao cinema, é possível estabilizar a indústria do cinema.

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