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GanaUma revista sobre o renascimento do continente
Texto e Fotos: Flora Pereira da Silva
Arte: Natan Aquino

 

 A revista CANOE foi criada para comemorar o estilo de vida e a envolvente cultura da África. Uma iniciativa criativa de cinco jovens que juntaram esforços para corrigir a imagem estereotipada do continente. Com edição trimestral, a publicação nasce refrescando e incorporando o renascimento africano, juntando artistas, empresas e leitores interessados em pensar e refletir a região sob uma luz positiva. O resultado é um template atrativo que anuncia a difusão mundial do Afro-cool. Recheada de pérolas e diamantes africanos, a revista CANOE evoca uma reflexão sobre como as tendências e conhecimentos podem melhorar a sociedade e garantir um estilo de vida excepcional, proporcionando assim, orgulho e autoconhecimento aos habitantes de um continente repleto de prosperidade, chamada por eles de ‘continente chocolate’.

 

 

Criatividade, Afroburguesia, Nascimento, Ostentação, Extraordinário são as palavras que dão forma ao título da revista, que não hesita em mostrar o sucesso através de extravagâncias. Para o seu criador, Kweku Nkwaye Ansah, é uma questão de mérito, e a exaltação acentuada do lado positivo, chamada por ele de afro-bourgeois, é a maneira que eles encontraram de contribuir para o esperado renascimento africano. “O convite que a revista propõe é de navegar com a gente por essa nova África e juntos liderar uma revolução nas tendências, moda e tecnologia. A CANOE procura informar, inspirar e criar um calibre de visionários, influenciando os seus estilos de vida através da apreciação do verdadeiro valor do continente”.

 

 

 

 

Definida como uma publicação sobre estilo de vida, a revista nasceu da insatisfação de Kweku sobre a maneira que seu continente era retratado. “Cortes de água, mosquitos – sim, a gente tem aqui. Mas também temos casas, famílias, amigos, vamos a escola, as crianças têm onde brincar. Eu cresci estudando, fiz faculdade, tive a sorte de viajar bastante, fora e dentro da África. E como para mim, para muitos, a vida foi boa. Mas esse lado não existe na TV, não é o melhor de nós que está sendo retratado”, explica o fundador, refletindo que a grande mídia insiste em abordar a pobreza africana, mas que, contraditoriamente, não faz a mesma intervenção em outros continentes. “No Texas, por exemplo, vi lugares que eu nunca tinha visto na TV. Pobreza no sentido literal da palavra. Enquanto essa mesma emissora, que se cala para essa situação, mostra a pequena criança da Somália com 100 moscas no rosto. Eu queria mostrar a África que eu conheço. A África onde sim, as pessoas batalham, mas conseguem fazer o seu caminho”.

 

 

Para isso, os editores escolheram o conceito de “pessoas comuns, histórias incríveis”, procurando casos reais de africanos que conseguiram sucesso nas condições comuns, ordinárias e às vezes não favoráveis. O approach é de inspirar os leitores falando sobre aqueles que alcançaram grandes feitos, trazendo exemplos e mostrando que qualquer um pode fazer o mesmo. A revista, assim, triunfa ao fazer um belo perfil do melhor da África. Incentivando o cabelo afro, as ideias locais, o jeito de vida africano, a CANOE procura através da moda e da divulgação de tendências moldar uma cultura em que os homens e as mulheres africanas assumam suas formas, cor, cabelo e parem de procurar o ocidentalizado como modelo. “E isso vale mesmo no modo de se vestir no dia a dia. Eu, assim como muitos outros, gostaria de vestir uma regata para vir ao trabalho, porque aqui é extremamente quente e úmido. Mas não, temos que vestir terno e gravata em pleno clima equatorial. A revista tenta repensar a moda de acordo com nossas verdadeiras necessidades, nosso estilo: de acordo com o estilo africano”, relata Kweku Nkwaye Ansah, lembrando hábitos culturais que na verdade se distanciam da cultura local.

 

 

 

 

Para ele, a importância de mostrar essa nova África é mostrar à nova geração que ela tem a oportunidade de fazer diferença, de ter os bons líderes e de escolher o caminho certo. “Hoje não precisamos de leis ou políticas para dividir e espalhar uma ideia. Se alguém está fazendo um bom trabalho, ele pode ser divulgado. Podemos gostar de uma ideia e dividir com alguém no Facebook ou entre outras mídias sociais. O que é preciso é um sistema que inspire a nova geração, porque ela tem novas ferramentas para mudar o mundo”, encoraja Ansah. Com objetivo de se manter sempre atualizada, a revista, que nasceu em 2005, vai passar por uma grande reforma, renovando layout e design gráfico e refinando as temáticas. Além disso, o próprio nome ganha um adjetivo: Haute Canoe, que faz uma referência à Haute Couture (Alta costura), para reforçar a elegância da publicação.

 

 

Com seis profissionais dedicados a sua produção em Accra, a capital de Gana, a Haute Canoe conquistou o mercado panafricano, sendo distribuída em diversos países do continente: Serra Leoa, Libéria, Gana, Nigeria, Namíbia, África do Sul, Botswana, Moçambique, Zâmbia, Tanzânia e Kenya, somando um total de 5 mil cópias por edição. Uma das particularidades da revista é a temática especializada. Para cada edição, um tema é escolhido e todo o conteúdo, inclusive propagandas e eventos giram em torno dele. Com nomes criativos, entre as edições já publicadas estão: Mint Gold (Menta e Ouro), Chocolate, Rare, Goat (Greatest of all time), Vintage, Blackness, AfrICON e Cokpit, o último lançamento, que traz todas as novidades sobre aviação e tecnologias aéreas no continente africano, com histórias inspiradoras sobre pilotas e pilotos, empresários inovadores, gadgets da área, entre outros.

 

 

 

 

Além da Canoe, Kweku também está desenvolvendo outro projeto promissor, o FLOW, Future Leaders of our World (Futuros Líderes do nosso Mundo). A iniciativa se trata de um banco de dados de recursos humanos no continente africano. O espaço online funcionará como uma espécie de LinkedIn local, onde cada membro cadastrado poderá registrar seu currículo, assim como suas habilidades extras. Para o seu criador, a plataforma é uma representação do panafricanismo digital. “A FLOW será um database de africanos capacitados. Assim, se uma empresa ou indivíduo precisar de um cientista neurológico ou um arquivista não é preciso trazer alguém da China, Europa ou Estados Unidos. A plataforma é uma maneira de incentivar o emprego local, quebrando o fluxo de favoritismo”. Diferentemente de outras plataformas já existentes, a FLOW também funcionará como uma incubadora e um espaço de compartilhamento de ideias, juntando talentos online e abrindo oportunidades para criação de projetos.

 

 

A promissora iniciativa já conseguiu grandes patrocinadores como o Bank of Africa, que financiará os 100 melhores projetos registrados na plataforma, que tem sua estreia marcada para junho de 2014. Para isso, uma equipe chamada de ‘pensadores’ fará a seleção das melhores ideias, analisando quais são as propostas viáveis e autossustentáveis. Com iniciativas criativas e inovadoras, a equipe CANOE junto a seu criador são uma promessa do futuro africano, mostrando com êxito as conquistas e as possibilidades que existem para o crescimento do continente. Não é a toa que o nome CANOE (Canoa em português) foi escolhido, explica Kweku. “Quando os navios negreiros chegaram para levar os escravos, não conseguiam chegar à terra, por causa do tamanho, e por isso utilizavam canoas, trazendo mercadorias, pólvora e tecidos etc. e levando pessoas, ouro e tudo que tínhamos. A revista CANOE agora está mandando para o mundo uma nova África e o que estamos espalhando dessa vez são pessoas fazendo coisas brilhantes”, conclui o empreendedor, que com seu trabalho abre os olhos do mundo para as conquistas e promessas do continente do futuro.

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