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ZâmbiaO afrocentric e a alta costura contemporânea
Texto e Fotos: Flora Pereira da Silva
Arte: Natan Aquino

 

“Então é puro talento?”, perguntou um cliente quando Faith Karender respondeu que nunca havia estudado moda. Nada, nenhum curso, nenhum professor. Também não aprendeu com ninguém da família. Tudo que a fashion designer sabe sobre o assunto, ou pesquisou sozinha ou veio de um dom natural. Seus vestidos de alta costura não só definiram o estilo da própria autora, como também trouxeram forma à moda zambiana e africana.

 

 

A jovem, que antes só “brincava de costurar” no tempo vago, decidiu abrir o seu próprio negócio há sete anos. E não demorou para se tornar um símbolo nacional do mundo fashion, vestindo hoje ninguém menos do que a primeira dama, entre um outro punhado de celebridades. Para a designer, a moda é uma plataforma para promover cultura. Suas peças, embutidas de conceitos tradicionais, revogam a identidade africana, com um toque especial da Zâmbia.

 

 

Entre as exclusividades do país, por exemplo, está a chitange, explica Faith. A chitangue é base do estilo local e consiste em um tecido de algodão impresso e bem colorido, que serve para a confecção de bolsas, acessórios, vestidos e, sobretudo, saias. Outro item da moda local é o nmississi, um vestido tradicional do oeste da zâmbia, que o resto do país adaptou. Também é chamado de vestido pavão, em referência ao movimento que ele dá ao corpo dá mulher que o utiliza. Atrás é cheio, com muitas camadas e o decote do busto é em v, para imitar o formato da face do animal. As mangas são cheias para dar liberdade para os ombros, uma vez que os vestidos são utilizados em cerimônias calibradas de danças tradicionais.

 

 

No entanto, Faith explica que além dos estilos específicos do país, ela tenta trabalhar a moda de um modo mais amplo: “O meu estilo é o design contemporâneo africano, o afrocentric. Tento criar algo que possa ser usado usar em qualquer lugar da África, que represente um hino africano. Utilizo a nossa pegada e crio o nosso código indumentário”. Para isso, Faith utiliza os símbolos da natureza local, trabalhando com penas de galinha, laranjas-macaco, pedaços de madeira, ossos de vaca, refinados mosaicos de sementes e outras infinidades de mequetrefes que viram arte nas mãos da designer.

 

 

A técnica aplicada a cada elemento natural é criação única de Faith. Da laranja-macaco, por exemplo, primeiramente ela extrai a polpa para retirar a concha, uma espécie de casca mais dura do que a laranja convencional, que é cozida no forno. Por fim, à mão, ela cria designs na superfície do futuro acessório. Já os mosaicos são feitos com sementes secas de frutas selvagens, que podem ser usadas tanto para os vestidos quanto para as joias que acompanham o look, também desenhadas e confeccionadas por Faith. O mesmo vale para os pedaços de madeira, da árvore Bango, que ela adorna com miçangas. Para os detalhes talhados, a estilista trabalha com artesões e escultores locais, o que traz um toque ainda mais roots ao outfit.

 

 

Por fim, as cores de cada peça também são simbólicas: podem representar a mata típica, com tons do bege e do verde claro; podem representar a principal economia do país, o cobre, com a cor homônima e com tons de marrom; ou ainda, podem representar as casas tradicionais africanas nas vilas com cores como o azul, dourado, preto e branco. Para cada ocasião, um estilo. Para cada pessoa, um corte. Para cada tradição, uma identificação. As agulhas de Faith não deixam nem cultura nem símbolos estéticos passarem em branco.

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